Temos um presidente que tem dificuldades de ler e interpretar minimamente um texto gravado para abrir a Assembleia da ONU, apesar do aparato institucional? Sim.
Bolsonaro é um presidente da República politicamente incorreto e passa longe da linha da política diplomática internacional adotada nos últimos governos? Sim.
Jair Bolsonaro é tudo isso e muito mais. Ponto. Não enganou ninguém, entretanto.
Defende em discurso de cara limpa na ONU o que se comprometeu na campanha da qual saiu eleito pela maioria dos brasileiros.
Isso é salvo-conduto para Bolsonaro dizer o que quiser na Organização das Nações Unida? Não.
Nem muito menos há razões para a tempestade em copo d’água que se faz por aqui cada vez que o chefe da Nação se pronuncia e defende sua linha de pensamento.
Estranho seria Bolsonaro repetir o script dos antecessores. Convenhamos, quem o escolheu não votou para isso.
Como esdrúxulo será o dia em que o presidente falar e obter aplausos dos seus adversários na política e críticos na imprensa.
Até porque este dia não acontecerá.
De concorrentes, Bolsonaro não receberia o elogio nem se expressasse o que eles pregam. Acusariam-no de ser o que não é. Faz parte da minúscula luta política que se retroalimenta em terreno pantanoso, de parte à parte.
Também corre pouco risco de alguma aprovação da imprensa, cuja parte significativa não esconde a má vontade com o presidente, também enfrentada, em menor grau, por Temer, Dilma, Lula, FHC, Itamar, Collor…
Bolsonaro choca quando diz o óbvio: há casos de queimadas que não são provocadas necessariamente por grileiros ou empresários. Ah… Quanto sacrilégio dizer isso!
Sob Bolsonaro, o governo não louva as ditaduras latino-americanas, nem as islâmicas e não verbaliza o discurso anti-imperialista e anti-americano, como faz, e não pratica, a esquerda caviar.
A mesma que fala lindo nas câmeras, mas obriga a retirada das crianças da sala quando sua casca é removida e se descobre o que fizeram no verão passado com os cofres públicos.
O atual presidente fala abertamente em família como base da Nação e repudia a cristofobia, temas quase proibidos na ditadura da ideologia do pensamento único. O mundo vai abaixo.
Qual reação esperar que não a de sempre?
Aí sobra tempestade no copo d’água e a cantilena da oposição bolsonarista que, sem perceber, fala cada vez mais para menos gente.