O que mais precisa para que a direção da Câmara apresse o processo de cassação do mandato da deputada Flordelis (PSD-RJ), acusada de ter mandado matar o pastor Anderson do Carmo? O inquérito está repleto de provas contundentes de que ela é culpada. Os que executaram sua ordem já confessaram, mas Flordelis só poderá ser presa se perder a imunidade que o mandato lhe assegura.
Foi um crime bárbaro, urdido com requintes de crueldade, uma história sórdida desde o início quando Flordelis apresentou-se como a mulher sensível à chaga da orfandade e começou a adotar crianças pobres, a preparar as bases para a abertura de sua igreja particular, lançou-se candidata e finalmente se elegeu como a deputada federal mais votada em 2018 no seu Estado.
Anderson do Carmo foi um dos seus filhos adotados. Namorou uma das filhas de Flordelis e, apesar da diferença de idade entre os dois, a própria Flordelis com quem passou a viver como marido. Era quem administrava os negócios da mulher e cuidava de sua imagem. A igreja rendia uma fortuna. O casal permitia que pastores abusassem sexualmente de alguns dos seus filhos.
Até que Flordelis, incomodada com a ascendência do marido, decidiu matá-lo. Valeu-se dos filhos adolescentes. O método escolhido foi o envenenamento. Por quatro vezes, Anderson do Carmo foi internado em hospitais e escapou de morrer. Morreu executado a tiros pelo filho legítimo e mais velho da deputada, que fez questão de comparecer ao seu enterro e fingiu chorar muito.
Se a Câmara, desde março, é capaz de discutir e de aprovar projetos relevantes por meio de sessões virtuais, por que não poderá decidir com urgência sobre um caso de assassinato? Vidas importam.
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