(Recife-PE) – Enquanto o presidente Jair Bolsonaro – que não conseguiu tirar a agremiação Aliança pelo Brasil própria do papel e permanece sem partido – se defende de questionamentos vindos do Congresso, de inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) e de pedidos de cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prefeitos centristas despontam como fortes candidatos para a reeleição em grandes capitais.
Em meio à crise desencadeada pela pandemia da covid-19, ganharam visibilidade nomes como o do tucano Bruno Covas, em São Paulo, e do democrata Bruno Reis – vice de Antônio Carlos Magalhães Neto –, em Salvador, que conseguiram montar uma coalizão para 2020. Pesquisas ainda indicam o favoritismo dos prefeitos Alexandre Kalil, do PSD, em Belo Horizonte, e Rafael Greca, do DEM, em Curitiba. O tucano Nelson Marchezan Júnior, de Porto Alegre, está em terceiro na sua disputa pela reeleição.
Os centristas se beneficiam não só da fragmentação da direita e da esquerda, mas também da pulverização – no campo à direita – do próprio bolsonarismo, que sequer é representado por uma única sigla. “Tirando o caso do Rio de Janeiro, não tem ninguém que pode ser a tradução explícita do Bolsonarismo em grandes capitais como Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre”, diz o cientista político Marco Antonio Teixeira, coordenador do curso de administração pública da FGV-SP.
Como o futuro partido do presidente da República, Aliança Pelo Brasil, ainda não saiu do papel, os nomes que pretendem se alicerçar no bolsonarismo estão distribuídos em diversas agremiações, como Republicanos, PRTB, Patriota e PL. No Rio, o maior herdeiro desse eleitorado é o Republicanos, partido ao qual o próprio senador Flávio Bolsonaro se filiou no início do ano. Já em São Paulo, quem quer ser o candidato do presidente é Levy Fidélis, chefe do PRTB – partido do vice, Hamilton Mourão.
A eventual candidatura de um nome do Republicanos, como o deputado Celso Russomanno, e a campanha de Filipe Sabará (Novo), disputarão o mesmo espaço. De acordo com o TSE, o pleito de novembro irá selecionar 5.568 prefeitos em todo o Brasil. O contexto da covid-19 também favorece os centristas que já estão atuando na gestão das crises. O discurso muito crítico da política tradicional funcionou em 2018, mas, talvez, não sirva para 2020.
Uma das consequências da pandemia é o aumento de recursos aos instrumentos do Estado, como o auxílio-emergencial, o apoio a pequenas e médias empresas e o SUS. “Então, no lugar da antipolítica, talvez o eleitor prefira alguém que entenda de gestão pública e possa entregar esses serviços”, diz o doutor em ciência política Mauricio Santoro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
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