“Ando devagar porque já tive pressa”… Ah, que belos versos do poeta Almir Sater! Versos que nada. Pura filosofia prática de vida.
Já fui e sou desses. Fui e sou? Como assim?
Vive em mim uma briga do ímpeto da pressa com o espírito da necessária desaceleração. Um dilema típico de quem não tem na estabilidade o forte.
Belchior grita: “Tenho pressa de viver”. Elis suaviza: “Eu quero uma casa no campo/ Onde eu possa ficar no tamanho da paz”.
Desde que me entendo por gente, andei com pressa. Queimei etapas na ânsia de viver o que viria, muito mais do que degustar o que estava bem aqui à minha frente.
Paixão pela comunicação aos 12. Iniciação por desenhos, rimas e poesias, depois no rádio, aos 13 para 14…
No começo da adolescência já me imaginava adulto, casado e pai. Planejei realizar isso aos 25, 26. Veio antes, aos 19… Imaturidade e hormônios à flor da pele.
No ginásio, só pensava na faculdade. No curso de Jornalismo, a cabeça já era no rádio e na televisão. Entre uma leitura e outra na gigante Biblioteca da UFPB, as imagens já eram de microfones e câmeras.
Três anos depois de formado e em atuação profissional, veio outro impulso, a fundação do Portal MaisPB, uma loucura na época, só possível pela obra, graça e generosidade de amigos que bancaram custos.
O resto muita gente já sabe.
Se me roubou o ‘agora’, essa pressa não foi de todo ruim. Aprendi muita coisa cedo. Muitas que levariam décadas. Amadureci no carbureto, como se diz em Marizópolis.
A maturidade forçada já me traz aos 36 (olha aí a pressa de novo!) um olhar mais sereno sobre a vida. Mas, “E a vida o que é? Diga lá, meu irmão”, provoca o pensador. Hoje, poderia responder: é o equilíbrio, Gonzaguinha! Mas a vida é grande demais para caber num conceito.
Embora tentado pela natureza inquieta, já não “corro demais”, como Roberto Carlos na década de 60, e sempre que posso sigo o conselho de Vinicius e Toquinho e pego um “velho calção de banho/um dia pra vadiar”.
Como neste domingo de sol, verde e azul do radiante litoral paraibano.