Vitória de Terezinha abre caminho para nova fase na UFPB – Heron Cid
Opinião

Vitória de Terezinha abre caminho para nova fase na UFPB

27 de agosto de 2020 às 21h56 Por Heron Cid
Com a eleição de Terezinha Domiciano vem a perspectiva de uma UFPB de mais resultados e indicadores e menos ideologia e partidarização

A vitória da professora Terezinha Domiciano na disputa pela Reitoria da Universidade Federal da Paraíba não pode e nem deve ser analisada como fato isolado em si ou vista só nos intramuros. Há muito mais significados aflorados.

Primeira reitora eleita oriunda de campus do Interior na UFPB, longe da sede central do poder e da força da máquina, a vitória de Terezinha segue fluxo contrário ao domínio político vigente, profundamente enraizado na inspiração de esquerda.

Essa realidade começa a mudar. E é de fora para dentro, rompendo também os portões da UFPB, comandada nas últimas décadas por reitores totalmente alinhados ao PT, que se revezaram durante todo o período do partido no Palácio do Planalto. Essa forte e poderosa estrutura foi derrotada.

Mas quem é a futura nova reitora da Universidade? Ela vem do pequeno município de São José do Sabugi, governada por seus familiares (irmãos e sobrinhos) praticamente desde a recente emancipação, 25 anos atrás. Todos históricos filiados ao PFL, hoje DEM, partido que influencia há tempos Santa Luzia e Vale do Sabugi.

Filha de produtor rural, estudou em escola pública em Santa Luzia até a gradução em Medicina Veterinária em Patos, no Sertão, formação que abriu portas para aprovação em concurso público e carreira de professora com doutorado em produção animal.

Antes de ser eleita e desbancar a vigorosa estrutura política reinante na UFPB, ela construiu performance administrativa como diretora do campus de Bananeiras com notório desempenho na eficiência da aplicação dos recursos e transparência dos gastos.

Diferente do que é público e constatado nos últimos reitorados da UPFB, não constam no currículo dela projetos inacabados como o cemitério de obras em que se transformou o campus de João Pessoa, com prédios que se arrastam inconclusos, numa espiral de inércia.

No oposto, o êxito de Terezinha como gestora em Bananeiras conferiu-lhe credencial entre gestores municipais e instituições do Brejo paraibano, abrindo a universidade para interação social, parcerias, soluções e resultados, e o saldo de liderança política à diretora do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias.

Divergente da atual reitora Margareth Formiga nas pautas do Conselho Superior Universitário e quase sempre tratorada e voto vencido em encaminhamentos, mesmo na disputa renhida nesta instância Terezinha demonstrou maturidade, quando necessário, para deixar divergências políticas de lado e pactuar em torno de temas do real e estratégico interesse da UFPB.

Esse perfil catalisou para ela a improvável adesão e unidade das principais forças adversárias ao status quo das últimas décadas na Universidade, um movimento novo que desbancou a máquina da atual gestão, incluindo setores identificados com o viés de esquerda, expressão comumente usada pelo presidente Bolsonaro.

Não que Terezinha Domiciano se poste como uma extrema representante de direita. Não é isso. Tanto que converteu apoios mais à esquerda, adesões fruto da conjuntura. Mas, é que a diferenciada percepção dela – vencedora por sinal – coloca no debate a gestão, o resultado e uma universidade que serve ao público acima da disputa ideológica – já tão enfadonha, ultrapassada, careta e estéril.

Por natureza e essência, a universidade – desde a sua etimologia – precisa ser plural e diversa. E é essa a nova fase que – durante todo o processo eleitoral – a primeira colocada na votação sinalizou estar disposta a construir. Com o aval e votos da maioria da comunidade universitária.

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