Querendo ou não “encher a boca” de quem lhe pergunta dos cheques de pancada, o presidente tem um encontro marcado com as devidas explicações sobre os depósitos de Fabrício Queiroz e Márcia de Aguiar na conta bancária de Michelle Bolsonaro. O silêncio só agrava as suspeitas e a grosseria não lhe resolve os problemas que são muitos na seara das transações financeiras da família com o ex-assessor, ora em prisão domiciliar.
Talvez acredite que o assunto morra se ele o evitar, pois não pode ser investigado por ocorrências anteriores ao mandato enquanto for presidente. Seria o caso, se o filho Flávio não estivesse envolvido numa investigação da mesma natureza e que a cada dia, a cada fato revelado, a cada detalhe tornado público vai tornando evidente a existência de um esquema de desvio e lavagem de dinheiro público envolvendo a família Bolsonaro.
Quando manifesta vontade de bater em um jornalista que lhe pergunta a respeito dos cheques na conta da mulher, Jair Bolsonaro na verdade expressa o recôndito e inconfessável desejo de tratar a socos e pontapés quem investiga as ilicitudes.
Não pode fazê-lo agora porque aí estaria dando motivo para ser acusado de agressão e entrar na investigação. Volta-se, então, contra a imprensa em seu papel de mensageira, pouco atento à robustez da mensagem que mais dia, menos dia, lhe será entregue e com a qual terá de lidar sem direito ao recurso da valentia protegida pelo cargo.
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