“Não vendo a alma ao diabo para ser prefeito de João Pessoa”. O conteúdo da frase é forte. E sendo de autoria de Ruy Carneiro (PSDB) para se referir a Cícero Lucena (PP), de quem foi aliado e não faz muito tempo, ainda mais.
Outros também o fizeram, mas a fala de Ruy tem outra simbologia. Ele foi apoiado por Cícero no passado e também o apoiou.
Agora concorrente na disputa pela Prefeitura em 2020, Carneiro cobrou coerência do ex-senador, antes mesmo de terminar a live em que Cícero recebeu o apoio do governador João Azevêdo (Cidadania), na manhã desta segunda.
Em nota, Ruy disse que Lucena se alia aos que um dia foram seus algozes e responsáveis pelas denúncias da Operação Confraria, a que feriu Cícero politicamente por quase mais de uma década. As que ele se livrou e fora, finalmente, inocentado somente agora, anos depois.
Em contato com o Blog, Ruy demonstrou se amparar num fato histórico. Apesar das oportunidades, nunca pessoalmente se aliou a Ricardo Coutinho.
Carneiro associou João ao ex-aliado Ricardo Coutinho, o patrono das denúncias que afligiram Cícero. Só que João e Ricardo estão dramaticamente rompidos e Cícero, assim como Ruy, continua sem votar e sem ser votado pelo ex-governador.
Para Ruy, isso pouco importa. Na prática, Cícero está aliado ao bloco derivado.
No fundo, há um dissabor pessoal. Em janeiro deste ano, matérias chegaram a cogitar que Cícero – já fora da política – votaria em Ruy, caso este fosse candidato. O que, evidentemente, não se materializou.
Hoje, diante da nova conjuntura, o tucano exumou o passado e passou em rosto no presente.
Se a relação dos dois já estava deteriorada, agora foi pelos ares. O que a vida junta a política separa.