O poeta Vinicius de Morais dizia que a vida é a arte dos encontros, apesar de tantos desencontros. Na política também.
O destino reservou ao ex-governador Ricardo Coutinho e ao prefeito Luciano Cartaxo essa possibilidade. Por circunstâncias tortas, é verdade.
Ambos partilham de uma situação política factual comum.
Na sua pré-candidatura, Ricardo está isolado do ponto de vista partidário. Nenhuma legenda se atreveu a declarar apoio. Nem mesmo as situadas no chamado campo democrático-popular.
Luciano Cartaxo não é mais candidato, mas aposta as fichas na escolhida para a missão de concorrer à sua sucessão. Até aqui, Edilma Freire, do PV, não conseguiu somar apoios além dos módicos Pros e Republicanos.
E cabe uma composição dessas forças? Em tese, não há impedimentos. Alguém já ouviu alguma crítica de Cartaxo a Ricardo no episódio arrasador da prisão? Zero.
Coutinho tem gasto sua pólvora atirando na gestão de Luciano Cartaxo? Nada. Quando saca sua metralhadora dispara munição ora em João Azevêdo, ora em Bolsonaro.
Os caminhos de ambos estão desobstruídos. O cenário favorece ao diálogo. Não necessariamente que redunde na gestação de uma aliança, até porque os interesses de ambos no primeiro turno se conflitam.
Para Ricardo, não vale quase nada indicar um vice para Edilma. Para Luciano, em pleno poder, não guarda sentido indicar um vice de um Ricardo experimentando seu calvário jurídico e político.
Como a eleição tende a ser de dois turnos, convêm aos dois deixar uma porta aberta. Tal qual canja de galinha, não faz mal a ninguém.