Pela primeira vez desde que foi solto, o ex-presidente Lula admitiu que o PT poderá não disputar a eleição presidencial de 2022 com candidato próprio. Mas… Mas desde que outro partido de oposição ao governo Jair Bolsonaro disponha de um nome com melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
O que isso quer dizer? Pouca coisa. Ou muita. Mais de um terço dos eleitores brasileiros votam no primeiro turno no candidato do PT a presidente da República desde 1994. Foram 27,7% naquele ano, 31,7% em 1998, 46,4% em 2002, 48,6% em 2006, 46,9% em 2010, e 41,6% em 2014. A eleição de 2018 é um caso a parte.
Lula estava preso. O PT, sob o intenso bombardeio da Lava Jato por causa do escândalo do Petrolão. Fernando Haddad foi indicado em cima da hora e mal teve tempo de fazer campanha. Mesmo assim, 29,2% dos eleitores votaram nele no primeiro turno. No segundo, 44,8% contra 57% que votaram em Bolsonaro.
– Acho plenamente possível ter uma eleição em que o PT não tenha candidato a presidente. O PT pode ter candidato a vice, a outra coisa. Acontece que tem que ter um candidato com a habilidade de tratar os partidos com o respeito que os partidos merecem. O PT [ainda] é o maior partido de esquerda da América Latina.
Impôs outra condição para que o PT apoie um candidato de outro partido já no primeiro turno:
– As pessoas não podem querer que o PT abra mão dessa grandeza que o povo brasileiro lhe deu a troco de nada. Ou apresenta um candidato maior do que o PT ou não tem chance. Para poder ir para o segundo turno tem que passar pelo primeiro. Se não passar pelo primeiro, acabou.
Dito de outra maneira: o PT só não lançará candidato a presidente na próxima eleição se outro nome da oposição aparecer nas pesquisas com maior índice de intenção de votos. Isso é possível? Possível, é. Mas, a levarem-se em conta os resultados das eleições passadas, difícil. O PT tem um eleitorado cativo.
Em conversas com seus companheiros da direção do partido, Lula tem lembrado que estará com 78 anos em outubro de 2022. Caso pudesse ser candidato e se elegesse, governaria até os 82 anos. Não pensa nisso. Pensa em se casar outra vez e desfrutar do resto da vida. É o que ele diz, mas ninguém acredita.
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