Antes mesmo da aprovação e distribuição do auxílio emergencial de 600 reais, o governador Ronaldo Caiado (GO) já cantava a bola de que Bolsonaro iria auferir ganho de popularidade e, portanto, buscaria uma forma de transformar a emergência em situação permanente.
Firme aliado do presidente até o advento da pandemia, quando levou a discordância ao ponto da ruptura, Caiado previa, ainda nos idos do mês de março, o crescimento da avaliação positiva de Bolsonaro que, segundo ele, encontrara no auxílio uma maneira de se aproximar do eleitorado do Nordeste.
Algo que o governador dizia e que ainda não foi explicitado, merece ser registrado: a distribuição do dinheiro seria mais eficaz se o governo federal tivesse utilizado os sistemas de cadastros de estados e municípios em suas respectivas áreas de assistência social, mas a opção pela Caixa Econômica teve a intenção de concentrar os ganhos políticos decorrentes na figura do presidente.
“Ao tirar governadores e prefeitos do jogo, a ideia era fixar na população beneficiada a ligação direta entre a concessão do auxílio e Bolsonaro”, dizia o governador Ronaldo Caiado, numa análise que se na época fazia sentido, vista de hoje é de uma precisão cirúrgica.
Perderam-se no tempo dois fatores que poderiam ser negativos para o Planalto: as aglomerações em agências da Caixa e o fato de que a proposta inicial do governo era dar 200 reais e que o Congresso contra propôs 500 reais, forçando Bolsonaro a aumentar a oferta. O que ficou foi o efeito de seis notas de 100 reais nas mãos de quem não via nem duas delas quando recebia o Bolsa Família.
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