A Operação Lava Jato, divisor de águas no Brasil, atingiu quase o universo inteiro dos partidos políticos brasileiros.
Até 2018, 14 deles haviam sido alcançados pelas investigações de desvios de recursos públicos e irrigação em campanhas e candidatos. Quando não para enriquecimento pessoal mesmo.
A polarização de discursos reinante fez com que muitas vezes a independência da operação fosse questionada e a força-tarefa acusada de ferramenta político-eleitoral.
Alvos dela e seus simpatizantes cobraram muitas vezes investigações contra tucanos.
Anos atrás, Aécio Neves foi atingido pela delação da JBS. Só não foi preso porque o Senado não permitiu e o Supremo Tribunal Federal recuou das cautelares contra o mineiro flagrado pedindo dinheiro para Joesley Batista.
Nos seus estertores e já sem a vitalidade de antes, a operação pegou o senador José Serra, uma das mais expressivas lideranças do PSDB acusadas de beneficiamento de propinas arrecadadas pelo tal de Paulo Preto.
O preto começa a ficar no branco.
A demora – justificou hoje em postagem nas redes sociais o ex-juiz Sérgio Moro – deveu-se à burocracia da justiça suíça, que levou dois anos para repassar documentos solicitados pelas autoridades brasileiras.
O outro pólo voltou à carga. A ex-presidente Dilma Roussef questionou: “Por que só agora”?
Diferente das costumeiras e barulhentas reações petistas, os tucanos calaram. Nem atacaram a Lava Jato e nem defenderam Serra.
Pela sua própria natureza, a Lava Jato e suas similares especializadas em desbaratar estruturas políticas financiadas com dinheiro de corrupção estarão sempre no centro das polarizadas reações.
Ora glorificada, ora demonizada, a depender de quem são os réus. Isso também é da nossa natureza política.
Nos últimos suspiros da Lava Jato, o PSDB – já desidratado eleitoralmente – também vai passar pelo seu calvário.