Mortes rondam o Interior (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

Mortes rondam o Interior (por Magno Martins)

16 de junho de 2020 às 17h41 Por Heron Cid

(Recife-PE) O novo coronavírus avança cada vez mais nos municípios do País, levando pânico, espalhando o terror da morte e isolando cada vez mais as pessoas. Num instante em que o comércio começa a voltar por etapas, com a expectativa de abertura dos shoppings também, no Sertão pernambucano se impregna um rastro de mortes. Em Tabira, no último fim de semana, morreu a esposa de um amigo meu da família Pires, tradicional da cidade, e ele próprio está numa UTI no Recife.

No resto do País, já causou mais mortes no Interior de alguns estados brasileiros do que nas regiões metropolitanas das capitais. Análise exclusiva feita pela GloboNews, com dados do IBGE e da plataforma colaborativa Brasil.io, mostra que pelo menos seis Estados já registram mais mortes em cidades afastadas dos grandes centros urbanos: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Parará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. Na Região Sul, todos os três Estados já registram mais mortes em cidades do interior.

Em Santa Catarina, os números são os mais altos do País: 91% das mortes registradas estão fora da metropolitana de Florianópolis. A capital, entretanto, foi exemplo no combate à pandemia, chegando a taxa de mortalidade de apenas 1%. No Rio Grande do Sul, 68% dos óbitos se encontram no Interior do Estado. No Paraná, a taxa chega aos 60%. No Norte, Tocantis é o único estado que se encontra nessa situação. Ali, o coronavírus fez mais vítimas nas cidades interioranas.

Ao todo, 82% das mortes se concentram nessas cidades. Já na região Sudeste, onde os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro lideram o ranking de casos e óbitos no País, Minas Gerais se destaca pelo efeito da interiorização do novo coronavírus. O Estado registra 71% dos óbitos nas cidades fora da região metropolitana da capital. O subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Ramalho, admitiu que há subnotificação em Minas Gerais e que o Governo trabalha com uma estimativa de um caso confirmado para 10 casos assintomáticos no Estado.

Na região Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul foi o único Estado onde a maior parte das mortes ocorreu no Interior: 67%. Os outros 33% das mortes ocorreram na capital, Campo Grande. No caso de Pernambuco, especificamente, preocupa, por exemplo, a cidade de Serra Talhada: 228 casos confirmados, cinco óbitos. Do total, entretanto, vem a boa notícia: 145 pacientes recuperados e 78 em recuperação. É preciso que governador entenda que não adianta apenas derramar rios de dinheiro no Recife. O Interior passa a ser, a partir de agora, uma grande preocupação.

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