(Recife-PE) – Na live pelo Instagram deste blog, terça-feira passada, o presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, não foi tão enfático nem explícito o suficiente, provavelmente pelo posto que exerce hoje, mas deixou fluir nas entrelinhas que tem , sim, projeto para regressar à vida partidária após seu afastamento da corte, que, segundo ele revelou, pode se dar antes mesmo do prazo estabelecido por lei com base na aposentadoria aos 75 anos.
“Eu não posso ter projeto político. Se eu disser que tenho, perco minha isenção. Estou conversando sobre antecipar minha saída do Tribunal, porque acho que a corte precisa ter uma renovação. Já posso me aposentar. Tenho vontade de voltar e devolver aos meus filhos e netos o tempo que devo a eles”, disse Múcio, já no final da entrevista, ao ser indagado sobre o seu futuro e se tinha pretensão ainda de disputar o Governo do Estado.
José Múcio Monteiro abordou com clareza e coragem todos os assuntos em pauta, batendo forte na radicalização entre os protagonistas da crise institucional, que ao invés de procurarem uma janela para o entendimento jogam mais combustível ainda na fogueira ardente das vaidades e da ganância do poder, esquecendo o fundamental, que é cuidar e proteger o povo brasileiro da grave crise sanitária que há tirou a vida de 30 mil brasileiros e representa uma grande ameaça à humanidade.
“Está faltando humildade, solidariedade, temos que procurar uma agenda comum que não nos distancie. Está faltando uma agenda de solidariedade. Nós temos um problema político maior do que a pandemia. Temos que gostar da canção e não do cantor. Há uma radicalização de alguns setores da imprensa que têm seus interesses. O Brasil é maior do que isso. Não é concurso de quem é mais brabo. Sou favorável que todos se entendam para enfrentarmos o problema. Tem gente passando fome. Vai ter uma quantidade enorme de desempregados. Alguém vai precisar sustentar os que estão sentindo falta de ar, os desempregados pela tecnologia”, advertiu.
Ministro da Articulação Política do ex-presidente Lula, por quem foi nomeado ministro do TCU, José Múcio está na vida pública desde os anos 80. Eleito prefeito de Rio Formoso em 82, nem chegou a assumir, “sequestrado” pelo ex-governador Roberto Magalhães para dirigir a Celpe e depois a Secretaria de Transportes. Engenheiro, revelou-se um grande articulador político e gestor público, o que o credenciou a ser escolhido o “Cristo” para enfrentar o imbatível Miguel Arraes nas eleições para governador em 86, depois de Arraes voltar como mito, quase um santo sem pecado original do exílio.
Na Câmara Federal, exibiu sua vocação de bombeiro por cinco mandatos, foi líder partidário, líder do Governo e um dos mais credenciados interlocutores entre o Legislativo e o Executivo. Se vier a disputar o Governo de Pernambuco na sucessão de Paulo Câmara, em 2022, pode se revelar como a grande surpresa pelo deserto de lideranças no Estado com o vácuo aberto pela morte do ex-governador Eduardo Campos, o último nome de projeção nacional como é José Múcio.
Blog do Magno