(Recife-PE) – No momento em que o Centrão vai tomando gosto pelos espaços abertos no Governo, assumindo, dentre outras fatias de poder o Banco do Nordeste, em Pernambuco o que está valendo de fato é o Coelhão, o latifúndio partidário do líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, que acaba de defenestrar um aliado do deputado Augusto Coutinho, o ex-deputado Kaio Maniçoba, demitido ontem da Superintendência do Incra.
Maniçoba é gente da melhor estirpe, transita fácil em todas as correntes políticas, tanto da base de sustentação do Governo Bolsonaro quanto da oposição. Não merecia ser ejetado do seu gabinete sem sequer receber um comunicado prévio da ministra da Agricultura, Teresa Cristina, responsável pela nomeação de Thiago Angelus Conceição, novo superintendente do Incra em Pernambuco. Seu histórico de vida pública remete a Fernando Bezerra, com quem trabalhou na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e em Petrolina.
Mudar primeiro, segundo ou terceiro escalão é rotina de qualquer gestão pública, principalmente em governos de tamanha instabilidade como o de Bolsonaro, que abre as porteiras para a gulodice do Centrão. A questão é o modus operandi e suas circunstâncias políticas. O que fizeram com Maniçoba não é diferente da sem-vergonhice praticada com o empresário Douglas Cintra, também degolado da Sudene sem ser avisado.
Com um detalhe mais grave ainda: na noite anterior ao decreto publicado no dia seguinte no Diário Oficial, Douglas recebeu uma ligação de Brasília pedindo para que preparasse a agenda em Pernambuco do Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Quando chegou ao seu gabinete no dia reservado à visita do ministro repousava na sua mesa a portaria da sua exoneração. São dois exemplos de como o Governo trata aliados.
Pelo jeito, Fernando Bezerra conduziu de forma tão estratégica e silenciosa a indicação de Thiago para o lugar de Maniçoba que ninguém da bancada federal tomou conhecimento. Todos, inclusive Augusto Coutinho, que bancou o ex-superintendente, tomaram conhecimento das mudanças no Incra por este blog. Irado, Coutinho só não chamou FBC de arroz doce, com ameaças de votar contra os interesses do Governo na Câmara.
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