Nas últimas 24 horas, ganhou contornos o pior dos mundos para o futuro do presidente Jair Bolsonaro e do seu governo.
O Brasil ultrapassou a Espanha e tornou-se o 5º país do mundo com o maior número de mortos pelo Covid-19.
O PIB – ou seja: a produção de riquezas no país -, encolheu 1,5% no primeiro trimestre em comparação com o último trimestre de 2019.
Enquanto o pico da pandemia está previsto para julho, o isolamento social mingua em alta velocidade por toda parte.
O número real de infectados e de mortos pelo vírus é 111 vezes maior do que o número registrado pelo Ministério da Saúde.
A contração da economia entre janeiro e março está muito distante da contração a ser verificada no final de junho.
O tombo está sendo estimado em 10% ou mais. O país entrará na maior recessão econômica dos últimos 120 anos.
Hoje, a legião de desempregados está perto da casa dos 13 milhões. Em agosto, poderá ser de 20 milhões. Nunca se viu nada igual.
A pandemia atingiu os dois principais pilares da produção de riquezas: o consumo das famílias e o setor de prestação de serviços.
As pessoas estão com medo. Uma prova: shoppings reabertos estão com um movimento de vendas 50% menor do que havia.
Obrigado a parecer otimista, o ministro Paulo Guedes, da Economia, diz acreditar na resiliência e no espírito inabalável dos brasileiros.
Está em linha com aquela história de que “brasileiro não desiste nunca”. Em breve, talvez ceda à crença de que Deus é brasileiro.
Leitor de muitos livros em língua original, Guedes estima que a recuperação da economia se dará no Brasil em forma de “V”.
Ou seja: o que caiu rapidamente crescerá rapidamente. Em forma da “U”, a recuperação seria lenta. Em forma de “L”, nem pensar…
Em forma de “L” seria uma queda abrupta e uma recuperação a perder de vista. Economista tem facilidade de explicar o que já aconteceu.
Admita-se que também tem para fazer previsões. Se as previsões não se realizarem, ele em seguida explicará por que.
Guedes estabeleceu uma condição para que tudo aconteça em forma de “V”: a “cooperação entre todos os poderes”.
Sem cooperação, será difícil que o país “fure as duas ondas”, a da pandemia e a da recessão que ele não ousa dizer o nome.
Com tamanha clarividência, é razoável imaginar que ele já tenha aconselhado Bolsonaro a cooperar com os demais poderes.
Por ora, Bolsonaro insiste em tentar submeter os demais poderes à sua vontade. Não perde uma única oportunidade de confrontá-los.
É incapaz de agir de outra maneira. E seus filhos, que leem o mundo por ele, convenceu-o de que está certo.
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