Dos prazeres de atualizar este Blog o maior deles é a interação com leitores. Quanto mais quando eles nos devolvem cada palavra sentida com novas emoções e releituras.
Foi assim com Carlos Xavier, economista em Campina Grande, e um dos espectadores aqui deste espaço que teimosa e solitariamente assino cada ponto e vírgula.
Ele leu meu texto principal de ontem, um arremedo de crônica e legitimamente um desabafo da chatice que a coisa tá nesse Brasil de peleja sem fim.
Bem ou mal, o registro provocou a memória afetiva de Xavier. É o que ele conta nessa mensagem abaixo que me chegou pelo Instagram, um veículo à parte na minha lida diária.
“Sobre seu artigo, “Prefiro ver os carros passando”. Me fez voltar quatro anos no tempo, eu em Belém do Pará, virando uma madrugada para uma prova de Métodos Quantitativos, naquela angustia e em pleno período do Círio de Nazaré, comecei a ver, da varanda pessoas caminhando, uma atrás da outra no sentido da Basílica Nazaré (isso numa quarta-feira)….mandei mensagem para uma colega e ela me falou que eram os promesseiros chegando para as Grandes Procissões do sábado e domingo e mais chocante: a maioria vinha do interior do Pará e até do Maranhão (a pé ou de bicicleta!) quase sem nada, não fosse a roupa do corpo ou uma bolsinha de lado. O mais belo: eles pagavam sua promessa caminhando e outras pessoas pelo caminho pagavam também sua promessa ajudando, dando abrigo, medicamentos e alimentação a essa pessoas! Num total sentido de empatia, gratidão e respeito com o próximo. Itens em falta nesse Brasil de 520 anos. Prefiro contar as pessoas passando pela varanda, lá no Bairro do Marco, Belém.”