(Recife) – Na sequência de entrevistas pelo Instagram do meu blog, ferramenta moderna e eficaz pelas redes sociais, meu entrevistado de ontem foi o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que falou sobre a crise nacional, as medidas provisórias que caducaram na Casa, sua relação com o presidente Bolsonaro, as pressões para colocar em tramitação o pedido de impeachment do chefe da Nação e o adiamento das eleições.
Minha ideia, ao fazer essa rodada de lives com interlocutores da cena nacional, é abrir um canal deles com o Nordeste, desfocando um pouco o eixo na discussão pela mídia sulista. Não é fácil. Se o País é desigual economicamente e socialmente não poderia deixar de ser na relação do poder com a mídia. São Paulo, Rio e Brasília são preponderantes irradiadores da difusão do noticiário, porque sediam os principais veículos de comunicação do território brasileiro.
Região com 53 milhões de brasileiros, 1.554.257 km2, o Nordeste, embora vocacionado para o turismo e com capacidade enorme de crescimento da indústria de ponta e no agronegócio, sempre foi visto como o patinho feio do País. Retratamos, de fato, uma realidade. As desigualdades regionais no Brasil continuam persistentes, apesar de todas as políticas para revertê-las ao longo dos últimos 60 anos. Em 2016, último ano com dados do IBGE disponíveis, o PIB per capita regional no Nordeste atingiu apenas 51,9% de seu valor nacional, segundo o economista Alexandre Rands.
Há uma corrente de economistas que argumenta que a pobreza no Nordeste decorre da ausência de políticas de desenvolvimento regional. Segundo esta corrente, por razões históricas o desenvolvimento econômico foi mais acelerado no Sudeste e no Sul do Brasil e isto gerou um círculo vicioso, que cada vez mais concentra renda e capital nestas regiões, em detrimento dos Estados nordestinos. Assim, segundo este argumento, a solução é subsidiar o desenvolvimento da indústria local.
É com base neste raciocínio que foram criadas as agências de desenvolvimento regional como a Sudene, Sudam e recentemente as zonas especiais de exportação, tão conhecidas de todos nós. Implícita neste argumento está a ideia de que o Sudeste e o Sul do país são, em parte, “culpados” pela concentração de pobreza no Nordeste, e assim devem dar sua contribuição através das transferências de recursos públicos.
Esta visão é incorreta. Em primeiro lugar, as diferenças de renda média entre os diversos Estados brasileiros não são tão grandes quanto parecem. As grandes diferenças de renda e PIB per capita nominais entre os Estados são bastante reduzidas quando levamos em conta as diferenças de custo de vida entre eles.
Assim, ao examinarmos as diferenças de renda per capita entre os Estados do Sudeste e do Nordeste, por exemplo, observamos que, em termos nominais, os primeiros têm uma renda em torno de duas vezes maior. Mas, quando levamos em conta as diferenças de custo de vida entre os Estados destas duas regiões, esta diferença se reduz para cerca de 56%.
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