Nem todo excelente jogador será um grande técnico de futebol. Jornalista ou comunicador, que opina bem sobre quase tudo, não será necessariamente um ótimo gestor público ou parlamentar.
A passagem relâmpago de Regina Duarte – indiscutivelmente uma brilhante atriz – pela Secretaria de Cultura foi um fiasco. Igualmente indiscutível.
A contribuição de Regina foi do tamanho da sua permanência no cargo. Ínfima.
Até devia ter bons propósitos e intenção sincera de colaborar com a cultura brasileira. Só isso para encorajá-la a trocar um contrato de 50 anos da maior produtora de teledramaturgia do Brasil por um cargo público efêmero, instável, no governo de um imprevisível chefe.
Reprovada no filtro ideológico da entourage presidencial, Regina passou por impiedosa desidratação. Chegou a ser humilhada no almoço com Bolsonaro, quando surpreendida pela presença do desafeto público, Sérgio Camargo, da Fundação Palmares.
Se até então o presidente não tinha um motivo justo e leal para demitir quem fez o sacrifício pessoal para emprestar seu nome e prestígio ao governo, a própria atriz deu um de bandeja na melancólica entrevista à CNN Brasil.
A rica biografia de Regina Duarte não merecia a pobreza da sua constrangedora despedida, justificando com sorriso amarelo sua promoção para baixo (da Secretaria para a Cinemateca de São Paulo) e suplicando que Bolsonaro negasse, em vídeo ao seu lado, a visível queimação.
Sim, ela pediu para sair, mas como aquele soldado pressionado pelo capitão.
Regina entrou a “Namoradinha do Brasil” e saiu como a “Viúva Porcina”. A secretária que foi sem jamais ter sido. Triste papel.