Os generais que cercam o presidente Jair Bolsonaro são de fato ignorantes como parecem? Ou são apenas espertos que se apresentam como ignorantes para melhor servir ao chefe?
Quando o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, compara o número de mortos por outras doenças com o número de mortos pelo Covid-19, o que ele esconde?
Sua esperteza? Sua ignorância? A comparação foi feita para sustentar a tese defendida por Bolsonaro de que o vírus não está matando tanto assim. Não mais do que outras doenças matam.
Nem um estudante de primeiro ano do curso de Medicina embarcaria na tese furada do ex-capitão e, agora, também do único general da ativa no governo, integrante do Estado Maior do Exército.
O Covid-19 é um vírus novo. Levará mais de um ano para que surja uma vacina contra ele. Não há vacina eficaz contra o HIV. Nem contra o Ebola. São vírus que continuam matando.
Ramos disse que 164 mil brasileiros morrem, em média, por ano, de queda, afogamento, acidente automobilístico, e outros tipos de lesões. E que nem por isso “se instaura um clima de terror”.
Nos primeiros 15 dias deste mês, o Covid-19 já matou oficialmente 8.916 pessoas. A manter-se o ritmo, serão 17.832 mortos apenas em maio, mais do que a média das causas citadas pelo general.
Entre final de março último e ontem, o vírus ceifou por aqui 14.817 vidas, 50% delas somente em uma semana. O número de casos confirmados da doença ultrapassou a marca de 218.200.
Desses, 15.205 nas últimas 24 horas. São números oficiais. Mas eles estão muito abaixo dos números reais. A essa altura, cerca de 3,5 milhões de brasileiros já foram contaminados.
É o que aponta um estudo do grupo Covid Brasil, integrado por cientistas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e de outras instituições nacionais de pesquisa.
Enquanto Bolsonaro e seus generais tentam mascarar a realidade e detonam as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos, ela se impõe em toda a sua crueza.
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