Na tentativa de salvar vidas, o que está em jogo nessa guerra contra o coronavírus, tudo é válido, a torcida da população é pelo acerto, por medidas que a protejam, deem a garantia de que o pior pode ser evitado. O Governo de Pernambuco, entretanto, parece perdido. Demorou demais nas medidas de forçar dentro da lei o isolamento das pessoas e as medidas anunciadas ontem prescindem de um debate mais democrático e salutar.
Não se pode radicalizar sem a participação dos entes envolvidos. É inadmissível que o governador Paulo Câmara tenha dado ouvido apenas ao prefeito do Recife, Geraldo Júlio, por ser aliado e gestor da capital. Anderson Ferreira, de Jaboatão, não alinhado ao socialismo exercitado no Estado a partir dos jardins do Palácio das Princesas, somente soube do decreto 15 minutos antes. Prefeito de Olinda e adepto em parte ao PSB, o Professor Lupércio (SD) disse no Frente a Frente que ainda vai ser chamado para discutir as medidas.
O prefeito de São Lourenço da Mata, Bruno Pereira, também não foi ouvido, embora sua cidade seja a que detém o maior número de casos confirmados e mortes, só comparáveis ao Recife, terceira capital do País em número de óbitos. Isolado e cumprindo quarentena, o prefeito de Paulista, Júnior Matuto, que ficou de fora, pode pagar um preço amargo por fazer fronteira com Olinda e depender dela até no corredor de trânsito da PE-15, uma das mais movimentadas da RMR.
Tratamento diferenciado teve o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, com direito ainda a gravar um áudio na saída do Palácio das Princesas comunicando o pacote duro das restrições, que incluem bloqueio de estradas, proibição de pessoas andando nas ruas sem máscaras e outras coisitas mais. Geraldo é o único com tratamento vip também no repasse de verbas federais que chegam ao Estado.
Já embolsou mais de R$ 200 milhões. O Governo Federal, é notório e público, já aprovou mais de R$ 1 bilhão e meio para o Estado, mesmo assim reclama. Tanto ele como Geraldo. A cantiga da perua é uma só: que o presidente Bolsonaro discrimina o Estado e a doença tem avançado por essas bandas de cá por causa da forma desastrosa do Governo Bolsonaro no enfrentamento ao vírus da morte, que tem provocado um rastro de terror mundo afora. Mas não é bem assim. Em nenhum momento, o Estado foi discriminado em repasses de verbas federais, como faz o governador na relação com prefeitos no campo adversário. O que faltou ao governador foi coragem para decidir pelo isolamento social radical lá atrás, mas chega a reboque, num estágio tarde, quando centenas de vidas já foram dizimadas pelo vírus do fim do mundo.
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