A experiência mostra que a receita para o impeachment de um presidente precisa incluir três ingredientes básicos: um crime de responsabilidade, uma crise econômica e o apoio do asfalto à deposição.
Quanto ao crime, Jair Bolsonaro já oferece material para a preparação de uma petição. Há três dezenas de pedidos na Mesa da Câmara. O coronavírus fornecerá a ruína da economia. Mas o Datafolha informa que ainda falta a rua.
Apoiam a abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro na Câmara 45% dos brasileiros. Não é pouca coisa. Mas 48% ainda rejeitam a ideia. Em abril de 2016, quando os deputados deflagraram o processo que levaria à deposição de Dilma Rousseff, 61% dos eleitores queriam vê-la pelas costas.
Perguntou-se também sobre a hipótese de renúncia de Bolsonaro. Gostam da ideia 46% dos entrevistados. Outros 50% desaprovam (no início de abril, esse índice era de 59%). Em abril de 2016, o apoio à renúncia de Dilma somava 60%.
Não é negligenciável a informação de que quase a metade do país deseja que Bolsonaro volte para casa mais cedo, seja com um empurrão (45%), seja por vontade própria (46%).
Entretanto, isso não basta para revogar o mandato concedido em 2018 por 57,7 milhões de eleitores —ou 39% dos 147 milhões de brasileiros que estavam aptos a votar.
Bolsonaro é, hoje, menor do que já foi. Mas a pesquisa revela que ele ainda amealha taxa de aprovação de 33%. Quer dizer: os devotos que o chamam de mito continuam sustentando o andor. Quando teve a cabeça levada à bandeja, Dilma amargava popularidade de um dígito.
Na briga que trava com Sergio Moro desde sexta-feira, Bolsonaro perde de lavada. Moro demitiu-se acusando Bolsonaro de tramar o aparelhamento político da Polícia Federal. O presidente disse que o ex-juiz da Lava Jato mente. Para 52% dos brasileiros, porém, Moro diz a verdade. Apenas 20% disseram crer na negativa de Bolsonaro.
Blog do Josias