Em ‘A era dos extremos’ Eric Hobsbawm estabelece o século XX entre os anos de 1914 e 1991. Depois disso, haveria um período para construção do século XXI, cujo início, necessariamente, não aconteceria em 2001.
Chegamos a pensar o marco inicial com os atentados ao World Trade Center, em 11.09 daquele ano. Pensávamos, até termos o primeiro semestre de 2020 paralizado e uma consubstanciada onda de mudanças em hábitos cotidianos fragmentados a cada suspiro e tic-tacs, independente de fuso horário.
Com tanta tecnologia para home office e manifestações de solidariedades global, só nos resta as certezas das incertezas, como nos ensina Edgar Morim em ‘Os sete saberes necessários à educação do futuro’.
Com muito pesar, escrevemos uma página da história humana, cujas palavras sinalizam rupturas necessárias aos diversos paradigmas legitimados até janeiro/2020. Entretanto, em minha cidade natal, é reforçado um comportamento de ilha.
Terra elitista, aos fins do século XX verificávamos comportamentos similares ao século XVIII, ostentações e um oligarquia a pousar com seus déspotas esclareicidos… passamos o período de transição, com instantes a retornos medievais, disfarçados de ruptura, nova via. Obtiveram aproximação, usufruíram do prestígio à esquerda, mas num português camoniano, disse SIM ao golpe.
Do século XVIII a terra retrocedeu ao século XII, com direito a cruzadas e criação dos tribunais do Santo Ofício, hiperconectados, com projeções de luzes, sons de guitarra e clamores, num coliseu.
Transformam vias públicas, parque dito ‘do povo’ em um verdadeiro Quo Vadis. Na contramão dos destinos internacionais, percorridos por sua elite, as fotos mostram a ignorância e estupidez que oprime… Dublec dublim, bolinha de sabão.
*Flaubert Paiva – Jornalista, Doutorando em Educação e Mestre em Ciências da Educação pela ULHT/Lisboa; Pesquisador do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento – CeiED/ULHT, Lisboa. Natural de Campina Grande, morador de João Pessoa