A defesa da Globo por Chico José (por Magno Martins) – Heron Cid
Bastidores

A defesa da Globo por Chico José (por Magno Martins)

23 de abril de 2020 às 13h46 Por Heron Cid
Chico José, repórter da TV Globo

Não foi por acaso que escolhi o jornalista Francisco José, do Globo Repórter, para a estreia das lives do Instragram do meu blog. Chico, como todos o tratam, é um dos maiores jornalistas do País, tarimbado, de couro curtido em grandes coberturas nacionais e internacionais. Repórter que faz e respira a notícia o dia inteiro que Deus dá. Para ele, não há distância que não seja alcançada para trazer ao telespectador o fato mais apurado, condensado e apresentado com brilhante texto e sotaque inconfundível.

No bate-papo comigo, Chico deu uma lição de Jornalismo e não se recusou a responder uma só pergunta minha e dos milhares de internautas que acompanharam a live. Não botou cara feia nem se intimidou igualmente quando provocado a entrar na discussão da relação da TV-Globo, onde trabalha há mais de 40 anos, com o Governo Bolsonaro, que incita os seus séquitos a intimidar os repórteres da emissora nas ruas, cumprindo a missão de informar com imparcialidade.

“Estou acostumado com isso (reclamações de governos à TV-Globo). Vem desde o tempo da ditadura. Repórter da Globo em pleno regime militar, estava entrando ao vivo no carnaval de Olinda. Daí a pouco, veio o bloco do Partido dos Comunistas me provocar ao vivo. Teve um dia até que eu pedi para tocar “Vassourinha” na hora em que eles estavam gritando e quando se viram no monitor passaram a dançar. Foi uma forma que encontrei para pararem de gritar “1,2,3,4,5 mil”, disse Chico. Para ele, os tempos atuais não fogem do figurino, apenas de moldura.

O que Bolsonaro quer, segundo o jornalista, é o mesmo que Lula, Dilma, Temer ou qualquer presidente deseja: uma televisão a serviço deles. “Como nós não falávamos e não falamos o que eles queriam ou querem agora, passam a gerar esse tipo de confronto para confundir o telespectador, mas nós, a TV-Globo, só falamos a verdade”, destacou. Chico foi mais além e arrematou: “Os seguidores de Lula desejavam uma Globo para falar o que Lula queria e os seguidores de Bolsonaro querem uma TV para falar só o que ele quer”.

Mas não é assim que a banda toca, segundo Chico. “Quando não responde a uma pergunta de um jornalista, o presidente deixa de prestar contas à sociedade. Diz ele, quase sempre: “Isso eu não falo”. Então, ele quer, como queria Lula, uma emissora de televisão que não fale nada que afete o Governo, mesmo tendo tantas coisas erradas. E há muito de errado, como mostrou a operação Laja Jato, que destruiu o País, como aconteceu. Eles ficam contra e os seguidores passam a gritar na rua “Fora Globo, fora Globo”.

Chico vai mais além na sua defesa do bom jornalismo que a sociedade exige e necessita. “Fake news? A Globo não tem fake news. Fake news são essas pessoas que criam para transformar a emissora em um inimigo. A Globo não declarou guerra a ninguém, a Globo mostra a verdade e muitas vezes no caso atual é só colocar a fala do presidente, não precisa falar mais nada”, diz o jornalista tratando especificamente da postura de Bolsonaro. O que ele quis dizer é que uma simples fala de um chefe da Nação, por mais fora de contexto em que esteja, é notícia, vira manchete.

“Coloca a fala do presidente e vamos ver a repercussão no que aquilo acontece. Tudo que um presidente de República fala é notícia. Desde o tempo da ditadura quando eu tentava no Sertão se aproximar do General Figueiredo para arrancar uma frase dele em relação ao drama da seca, tudo que ele dissesse, mesmo uma frase, já era notícia. Mas, na maioria das vezes, os seguranças dele arrancavam o cabo do VT para que a televisão não conseguisse gravar aquela situação”, lembra Chico.

Lição de Jornalismo. Valeu o convite!

Bivar na live – A segunda live, a de hoje, também às 19h30m, será com o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, que emprestou o seu partido para o então candidato sem partido ao Planalto, Jair Bolsonaro, e com menos de seis meses foi apunhalado. Há muito alimentando um silêncio que muitos jornalistas de Brasília gostariam de ser protagonistas, Bivar deve falar de tudo, desde o momento em que entregou o PSL para Bolsonaro se viabilizar como candidato até o rompimento com o Planalto, além da tentativa do Planalto de tentar esvaziar o PSL, atraindo boa parte dos seus representantes no Congresso para o novo partido em tentativa de criação.

Alvo do corona – A pandemia do coronavírus que se alastra pelo território pernambucano não faz distinção de raça, sexo ou posição social. Contaminou um dos maiores empresários do Estado, Ricardo Coimbra de Almeida Brennand, 93 anos, do Instituto Brennand. Ele está internado num hospital do Recife, seu estado é estável, com uso de ventiladores. A maior preocupação da família é que se trata de um paciente obeso e com taxas desreguladas. Ricardo Brennand é donatário da maior coleção privada de Frans Post, pintor holandês que chegou ao Brasil na comitiva do conde Maurício de Nassau. Seu acervo está exposto no Instituto Ricardo Brennand, na Várzea, incluindo também objetos históricos e artísticos de diversas procedências, abrangendo o período que vai da Baixa Idade Média ao século XXI, destacando-se a documentação histórica e iconográfica do período colonial ao Brasil Holandês.

Prefeitos atingidos – A Covid-19 também chegou ao poder municipal, quebrando a rotina de alguns gestores no Estado, como a prefeita de Ipojuca, Célia Sales (PTB), e o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), que confirmaram, ontem, o contágio, através de comunicados pelas redes sociais e os portais das referidas prefeituras. Os casos confirmados da doença começam a crescer também no Agreste e no Sertão, com registros em praticamente todos os municípios. Em Petrolina, o prefeito Miguel Coelho (MDB) anunciou, ontem, no Frente a Frente, que está entregando nos próximos dias um hospital de campanha com recursos do tesouro municipal.

Eis a diferença – O secretário de Turismo, deputado estadual Rodrigo Novaes, acusa este blogueiro de cometer o mesmo crime dele: usar a piscina interditada do prédio onde mora de forma açodada, passando por cima das regras do condomínio. Eu, na verdade, sem ter a noção exata da gravidade do uso de ambientes comuns nas áreas residenciais, tão logo a pandemia foi instalada, postei uma reclamação contra a síndica do meu prédio, mas, ao contrário dele, nunca rompi as normas baixadas pelo condomínio. Curvei-me ao que foi determinado. Ele, não. É reincidente: tentou por duas vezes tomar banho na piscina ou pegar um leve e invejável bronze.

CURTAS

A DELEGADA E O BLOG – Ao contrário do que sugere a nota da pré-candidata à prefeita do Recife pelo Podemos, Patrícia Domingos, postada ontem, neste blog, sobre sua ação na justiça contra o Estado para trabalhar em casa, em momento algum classifiquei tele trabalho como férias. O que chama atenção na nota dela é que, estando por mais de seis meses de licença, com mais um mês de férias, tenta fugir do serviço justamente agora, quando a instituição mais precisa. Mau exemplo para alguém que se apresenta investida de postulante ao comando de uma Prefeitura da dimensão do Recife. A endividada sociedade, que paga sacrificada seu salário por meio de impostos, não acreditou no que leu, tamanha foi a sua aberração. Não me cabe julgar, apenas relatei os fatos, que de tão graves deixaram os recifenses de queixos caídos.

COMPRA SUSPENSA – A pandemia do coronavírus abriu brecha para compras públicas esdrúxulas e suspeitas, conforme registrei neste espaço.  Ontem, por exemplo, foi suspensa a aquisição, sem licitação, de smartphones para 2,5 mil alunos do 9º ano das escolas públicas de Recife, que custaria R$ 1,6 milhão aos cofres do município. Ao pedir a suspensão da compra, o Ministério Público de Contas não encontrou informações sobre a empresa selecionada. Também apontou falta de consistência no argumento apresentado pela Prefeitura: diminuir a desigualdade em relação aos alunos da rede privada. A Secretaria de Educação diz que o smartphone serviria para professores ofertarem “aulas à distância por meio de jogos educacionais” durante o período de isolamento.

E PARA O CORONAVIRUS? – Em tempos de pandemia do novo coronavírus, a Prefeitura de Arcoverde está realizando uma licitação para a compra de material de Cantina, Limpeza, Utensílios e Higiene Pessoal, para atender as necessidades das secretarias municipais. Para isso, pretende gastar mais de R$ 1 milhão. A denúncia é da vereadora Zirleide Monteiro (PTB). Segundo ela, a compra faz parte do processo licitatório Nº 013/2020, através do pregão eletrônico Nº 007/2020. A abertura do processo está prevista para hoje, às 9 horas.

Perguntar não ofende: Ao acenar um Ministério ao PTB de Roberto Jefferson, Bolsonaro voltou à prática do toma-lá-dá-cá, para agradecer ao denunciante do mensalão ao estrago feito na imagem de Rodrigo Maia?

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