Difícil fugir do clichê. O fechamento do jornal Correio da Paraíba era a crônica de uma morte anunciada.
O empresário Roberto Cavalcanti liderou a resistência quase solitariamente. Romântico, característica maior dos realizadores, o navegador do Correio foi além-mares para segurar o barco na agitada tempestade de uma nova conjuntura.
No leme, adiou pessoalmente por anos o destino que era sabidamente inevitável, enfrentando a própria bússola prática de homem de mercado.
Nessa guerra que vitima jornais impressos no mundo inteiro, o Correio foi o último a tombar na pequena Paraíba de uma economia demasiadamente frágil. E isso fala muito sobre a personalidade do seu dirigente máximo.
Não há culpados. O sessentão Correio deu o último suspiro como todos os seus outrora concorrentes paraibanos, extintos e asfixiados – sem exceção – pela inviabilidade econômica, advento irreversível das novas tecnologias e condições objetivas dos novos hábitos de consumo de informação. Uma crise agravada pela pandemia do coronavírus, doença que piorou o quadro do paciente já grave.
Odisseia à parte, com o Correio hoje encerra-se um longevo capítulo da imprensa paraibana. Todos os jornais privados, diários e comerciais sucumbiram. A centenária e valorosa A União – o nosso jornal estatal – ainda está de pé, porque tem na tradição e simbologia o seu escape e no pagador de impostos paraibano o seu mantenedor. Mas até quando? (Voltaremos ao tema).
Aos colegas que deixaram ontem o Correio com a má notícia do desligamento, uma boa para compensar. O jornalismo não está morrendo. Ele continua vivo e necessário, passando pela travessia e deserto das sempre enigmáticas metamorfoses.
Hoje, 4 de abril de 2020, aos quase 67 anos de idade, veio o ponto final da página histórica do Correio da Paraíba num ambiente maior de muitas interrogações… Mas, para o jornalista sempre haverá um parágrafo a mais a escrever.