Na minha vida de jornalista já passei por outros momentos tristes como o de agora. Com efeito, já vi fechar o jornal O Norte, que chegou a ser o principal da Paraíba. Também fecharam o Diário da Borborema e o Jornal da Paraíba, em tempos diferentes.
No detalhe, tanto escrevi para O Norte, em João Pessoa, quanto para o Diário da Borborema, em Campina Grande. Particularmente, cheguei à editoria adjunta do O Norte, onde atuavam jornalistas da mais alta estirpe.
Agora, vem outra notícia triste: o Correio da Paraíba vai editar, neste sábado, 04t, o seu último exemplar. Embora não seja surpresa, uma vez que o jornal, pelo que se falava, há tempo que cobria prejuízos com os lucros alcançados pelos segmentos de rádio e TV, do Sistema Correio, a notícia entristece profundamente.
Nesse ponto, há que se louvar a persistência do empresário Roberto Cavalcanti, e de toda a direção do Sistema Correio, pela teimosia em manter o jornal em circulação, a despeito desses novos tempos altamente desfavoráveis à feitura de jornais diários.
Os custos são muito altos e a compensação comercial insuficiente para ter lucro. Há profissionais de categoria a serem pagos, papel jornal difícil e caro, operacionalidade e logística caras, e, em contrapartida, a venda de espaços com resultado regularmente menor do que as despesas.
Feita essa consideração necessária e justa, quero lembrar um pouco minha passagem pelo Sistema Correio, destacadamente pelo jornal, uma vez que, também, trabalhei no rádio e na TV, por um bom tempo.
Confesso que minha paixão profissional sempre foi mesmo o jornal. Desde o trabalho diuturno na redação, e o relacionamento com os colegas, até a redação de artigos e reportagens e a publicação no dia posterior, quando vamos ávidos, em qualquer idade, “lamber a cria”.
A satisfação particular com o trabalho jornalístico é incomensurável para quem gosta da profissão. E, sendo no jornal, volto a confessar, a labuta se me configura como mais gratificante, desde que comecei a trabalhar com a imprensa.
Sempre fica difícil a gente citar nomes, pelo perigo de esquecer algum. Assim, não vou fazê-lo. Mas, no Correio da Paraíba, dividi os espaços da redação com profissionais do mais alto nível, no jornalismo paraibano e, sem dúvida, brasileiro. Muito, mas, muito mesmo aprendi na redação do Correio.
O fechamento do jornal Correio da Paraíba põe em xeque a continuidade da existência de uma extraordinária fonte de registros históricos, que é o jornal impresso. Afinal, como fonte histórica, o jornal está muitos furos acima de qualquer outra mídia, inclusive a Internet.
Por tudo isso, é profundamente lamentável o fechamento do jornal Correio da Paraíba. O meu lamento, tenho certeza, não é somente meu. Junto comigo, lamentam todos os profissionais, de hoje e de ontem, do jornal Correio, e, ainda, os estudantes de Comunicação, cuja maioria, certamente, ainda enxerga a mídia impressa diária como destino profissional, em primeiro lugar.
O fechamento do jornal Correio da Paraíba é, literalmente, e sem qualquer pudor, um acontecimento de fazer chorar.
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