Ficar longe dos riscos não é apenas buscar a salvação própria, mas, também, a dos outros, nessa pandemia. E, no caso, vale a recomendação de comunicar, à exaustão, pelas redes sociais, cada experiência pessoal e nacional contra a propagação do vírus.
O compartilhamento feito por italianos cantando das janelas de seus apartamentos tem emocionado o mundo. E, o mais importante, servido de exemplo na luta de cada um e de todos.
Não precisa dizer como isso serve de estímulo para que as Nações, em qualquer parte do mundo, se convençam da necessidade de se protegerem do vírus. Mais do que isso, como vai forjando uma nova mentalidade global, mais humana, e mais cooperativa.
É preciso lembrar o que foi possível gerar, na humanidade, após a tragédia mundial causada pela Segunda Guerra Mundial. Com efeito, na sequência do horror provocado pelo nazismo, floresceu em escala mundial soluções de caráter humanistas e cooperativas.
De 1945 em diante foram criados organismos internacionais de cooperação, a exemplo da Organização das Nações Unidas (ONU), o principal entre esses organismos. Em nome da paz e do progresso, o mundo sentiu a necessidade de se unir, em função das diferenças, visando supera-las.
Dessa maneira, em favor do diálogo e do entendimento, o mundo fortalecia laços cooperativos a se sobreporem aos individualismos e nacionalismos extremados que acabaram provocando dois grandes e infelizes conflitos internacionais.
Em favor do entendimento passaram a agir, não somente a ONU, mas, também, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização Mundial do Comércio (OMC), a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE).
E, ainda, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Destaque-se, da mesma forma, o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Esses três, vinculados à ONU.
Na criação da ONU, em 26 de junho de 1945, ficava claro, na Carta das Nações Unidas, o que queriam as nações, a partir de então: “reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla”.
Agora, diante dos temores mundiais sobre o coronavírus, o enfrentamento à peste vem revelando, muito claramente, a importância da cooperação internacional entre os povos, única forma de combater um mal que se propaga em escala tão ampla. Mal que, infelizmente, será substituído por outros, mais adiante.
Nesse instante, é preciso que o mundo suplante a luta contra o coronavírus, o que somente pode acontecer com forte colaboração internacional, em que estejam envolvidos todos os povos da Terra.
E que, enfim e ao cabo, a humanidade sinta o revigoramento dos princípios mais fundamentais que orientaram a criação da Organização das Nações Unidas, hoje, tão atacada pelas forças individualistas e de nacionalismo extremado, de sempre.
Afinal de contas, é somente na prática que é possível observar a correção de valores teóricos. E, por sem universais e permanentes, é preciso que se firmem, diante da luta internacional contra o coronavírus, em definitivo, os que são referidos na Carta da ONU.