Eduardo Bolsonaro resolveu virar youtuber. Em seu programa de entrevistas, ele vai receber “políticos, artistas e muito mais”. Cuide-se, Fátima Bernardes.
Ao anunciar seu programa, o filho do presidente prometeu fornecer “informações em primeira mão, sem o filtro de fake news da extrema imprensa”. Entrevistados por ele, os subordinados de seu pai terão a chance de defender o governo de seu pai. Como é que o jornalismo ainda não havia pensado nisso?
É uma tara dos bolsonaristas: eles consideram que só depoimentos públicos e notas oficiais, emitidos diretamente pelas fontes, “sem o filtro da imprensa”, refletem a verdade. É o outroladismo da Folha de S.Paulo levado ao extremo: o extremo outroladismo.
Na semana passada, o general Augusto Heleno comentou:
“Cruzoé inventou um dossiê e um estremecimento meu com o Min Onix. Que fontes mentirosas. Que falta de profissionalismo. São incapazes de fazer contato com os citados.”
Com grande profissionalismo, o general Augusto Heleno errou tanto o nome do pobre Robinson Crusoé quanto o nome do pobre Onyx Lorenzoni. Bem mais relevante do que isso, porém, é o desatino caudilhesco de imaginar que a imprensa possa reproduzir apenas o que as fontes declaram publicamente, e não o que elas fazem (ou sussurram) nas coxias palacianas.
É claro que a imprensa erra. É claro também que seus erros devem ser desmascarados. Eu, por exemplo, errei brutalmente nas primeiras semanas de governo, caindo na conversa de que o general Augusto Heleno e seus colegas de farda poderiam impedir os voos mais aloprados do bolsonarismo. Enganei-me. Quebrei a cara.
Na semana passada, Jair Bolsonaro especulou sobre a hipótese de transferir todos os brasileiros para o Japão e todos os japoneses para o Brasil. Pode ser uma boa medida. Só não entendi o que ele pretende fazer com a jornalista Thaís Oyama, autora de sua biografia não autorizada. Seja como for, os militares governistas anteciparam-se à japonização forçada e resolveram praticar harakiri.
Crusoé