A escolha pelo Cidadania já vinha sendo desenhada pelo governador João Azevêdo. Entre as opções, era a que mais se encaixava nas suas necessidades e na economia interna do partido.
A oficialização une assim o útil ao agradável.
Útil para João que buscava um abrigo seguro e agradabilíssimo para uma sigla que terá no novo filiado seu único governador.
O perfil do Cidadania, originário no PCB, dá conforto a João.
A Cidadania passa muito longe do formato locatário, cartorial ou do tipo saco de gatos, característica reinante entre os récem-criados à toque de caixa.
Ao mesmo tempo, o novo partido do governador passou na cláusula de barreira, tem representação no Congresso e fundo eleitoral. A filiação numa agremiação sem esses requisitos mínimos seria temerária.
Com raízes no campo democrático-progressista, é uma legenda que tem histórico e inspiração na esquerda, mas adota moderação e crítica sem amarras ideológicas. Uma postura sintetizada na figura de Cristovam Buarque, um dos seus mais ilustres filiados.
Uma bússola semelhante ao estilo de João, moderado e desapegado de estereótipos comuns da radicalização política atual. A bem da verdade, Azevêdo nunca pareceu à vontade nos debates puxados para o terreno extremista. Não é da sua natureza pessoal e política.
A auto-implosão do PSB, com a atabalhoada intervenção e os fatos sucessivos, agravados com os desdobramentos da Operação Calvário, deu ao governador a oportunidade de estabelecer sua identidade e autenticar sua cidadania própria.