A essa altura do campeonato, depois de 1 ano de governo, o ministro Sérgio Moro já conhece bem o presidente Jair Bolsonaro. E sabe que, enquanto estiver no comando da pasta, sempre será alvo do humor do chefe, que, por sua vez, percebe a força eleitoral do auxiliar e prevê dificuldades em caso de rompimento.
Se até as cascatas do Palácio da Justiça sabem das intrigas da Esplanada, é mais do que qualquer movimento de Bolsonaro em direção a Moro –e vice-versa– deve ser observado com atenção. O episódio envolvendo os secretários de segurança dos estados na criação de um ministério exclusivo está longe de ser o último atrito entre Bolsonaro e Moro.
Ao longo desta semana, o Drive –newsletter exclusiva para assinantes produzida pela equipe do Poder360– mostrou a escalada da tensão entre Moro e Bolsonaro. O primeiro movimento se deu ainda na manhã da 4ª feira (22.jan), quando os secretários de segurança concordaram em pedir ao presidente a volta do Ministério da Segurança o que diminuiria o poder de Moro.
À tarde, ao receber os secretários, Bolsonaro disse que iria estudar o assunto, deixando o ministro mais popular Esplanada numa saia-justa. Um dos presentes à reunião disse ao Drive que Bolsonaro pediu ao secretário do Distrito Federal Anderson Torres que mantivesse o tema da criação do Ministério da Segurança na pauta.
POLÍCIA FEDERAL
Anderson Torres é delegado da Polícia Federal tal qual outros 8 secretários de segurança, o que leva à outra intriga: a disputa pela cadeira do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Torres –como as cascatas do Palácio da Justiça sabem– é o mais cotado para o cargo. Desde setembro de 2019, o cargo do chefe da corporação está na mira de Bolsonaro. À época, o presidente teve de recuar depois que Moro bancou Maurício Valeixo
Mesmo que considere a troca na PF, Bolsonaro ainda está longe de tirar de Moro o comando da segurança. A resposta “vou estudar o tema” serviu para agradar os secretários e deixar o ministro de “olho aberto”. Mas caso ainda não está fechado. Primeiro porque Bolsonaro não vai deixar de fustigar Moro ao longo do tempo. Depois porque não se sabe qual será a a extensão da resposta de Moro.
Parte dessa resposta chegou na tarde de 6ª quando Valeixo pediu ao Ministério da Justiça o retorno dos servidores da PF cedidos aos Estados, o que inclui os delegados que atuam como secretários de segurança. Foi carta marcada, mas pode não ser a última. Moro já conhece Bolsonaro. Bolsonaro já conhece Moro. Não podem ser dizer mais surpresos 1 com o outro.
Poder360
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