Em 20 de outubro de 2017, um ano antes de ser eleito, Jair Bolsonaro foi entrevistado por Claudio Dantas, em O Antagonista.
Ele disse:
“Sergio Moro está na minha lista para o Supremo”.
Em 19 de maio de 2019, instalado no Palácio do Planalto, ele repetiu a promessa:
“A primeira vaga que vier será dele.”
De lá para cá, o discurso de Jair Bolsonaro mudou despudoradamente. Em meados do ano, ele anunciou que indicaria para o STF um ministro “terrivelmente evangélico”, como o Advogado-Geral da União, o preferido de Dias Toffoli. Algumas semanas atrás, ele citou outro nome para o Supremo — seu chapa Jorge Oliveira —, e ofereceu a Sergio Moro uma candidatura como vice-presidente, em 2022.
Está errado.
Sergio Moro não quer ser vice-presidente. Ele não quer também disputar o Palácio do Planalto contra Jair Bolsonaro. Ele quer ir para o Supremo, na primeira vaga que vier, para tentar conter os ataques à Lava Jato. Caso contrário, ele pretende concluir seu trabalho como ministro e, em 2022, passar para o setor privado.
O presidente disse que, se indicar Sergio Moro para o STF, ele pode ser reprovado pelo Senado. Mentira. A pressão sobre os senadores vai ser avassaladora.
Ninguém sabe o que pode ocorrer até a aposentadoria de Celso de Mello, no fim do ano. A aposta na PF é que Jair Bolsonaro ainda não desistiu de degolar o diretor-geral Maurício Valeixo. E a aposta no Congresso Nacional é que novas denúncias devem minar o mandato do presidente. De um jeito ou de outro, só há uma certeza: a melhor garantia para o país é ter Sergio Moro no STF.
Crusoé