Uma política para o forró – Heron Cid
Opinião

Uma política para o forró

13 de dezembro de 2019 às 11h51 Por Heron Cid
Marinês, um dos nomes mais marcantes do forró, penou por shows no fim da sua frutífera vida artística

Em “O fole roncou – Uma história do forró”, os jornalistas Carlos Marcelo, paraibano, e Rosualdo Rodrigues, mineiro, fazem um passeio pela fundação, afirmação e consolidação do ritmo típica e emblematicamente nordestino.

Entre as histórias, uma dolorosa. Marinês, a Rainha do Xaxado, nos estertores de sua produtiva existência, minguava de prefeitura em prefeitura em busca de um cachê para apresentações.

A mesma Marinês, numa ida a uma feira em Lagoa Seca, viveu a felicidade e emoção de ser reconhecida por uma pessoa. O simples fato de ter sido lembrada confortou seu coração que não estava “acostumado a ser maltratado”.

Na obra dor jornalistas, resultado de rica pesquisa, uma constatação que nos toca muito; a presença relevante e decisiva da Paraíba na construção do que foi e ainda é o forró, ritmo deixou de ser só dança, música e passou ao patamar de instituição.

É, sem disputa, a arte de maior identificação de nossa região. Relevante e autêntico, o forró invoca e canta pelo refrão de um comprometimento além do entretenimento, da diversão, da cultura.

Uma política pública para o forró – esse nosso patrimônio imaterial – não é nenhum exagero. É questão de coerência, necessidade e identidade.

Promover sua execução em eventos culturais, a difusão do seu conhecimento via ensino escolar, o fomento à pesquisa acadêmica sobre sua estética, o apoio à produção e difusão e manutenção de sua identidade.

São formas e meios para preservar suas características, originalidade, referências, e garantir que as próximas gerações continuarão conhecendo e reconhecendo o forró como símbolo de nossa cultura e explicação sobre nossos gostos, afetos, preferências, sotaque e costumes.

Um estado que projetou Jackson do Pandeiro, Antônio Barros, Cecéu, Marinês, Abdias, Zé Marcolino, Os Três do Nordeste, Genival Lacerda, Elba Ramalho, Rosil Cavalcanti, João Gonçalves, Flávio José, e tantos outros artistas e compositores anônimos, não pode lembrar e viver o forró apenas nos 30 dias de São João.

Neste 13 de dezembro, nascimento de Luiz Gonzaga e Dia do Forró, é uma oportunidade de pensarmos que podemos fazer desse gênero musical, lamentavelmente visto por muitos entre nós como superado, mais do que uma história do passado, mas tema sempre presentes. E com força para vencer o tempo e perpetuar esse som no futuro.

Comentários