Eu sei que o assunto já se esgotou. Retomo-o apenas porque passei duas semanas num safari queniano, durante as férias, e finalmente surgiu uma oportunidade para atormentar os leitores da Crusoé com minhas fotografias de leões e hienas.
Eu deveria encerrar a coluna agora, porque qualquer comentário sobre o comercial postado por Jair Bolsonaro, em que ele se retratou como um leão isolado, humilhado por um bando de hienas, caducou depois do episódio do porteiro. Além disso, ele já foi achincalhado nas redes sociais e espinafrado pelo STF. O mesmo STF, aliás, que continua a morder a Lava Jato, com o propósito de tirar aquela outra besta — muito mais perigosa — de sua jaula.
O único que defendeu o comercial leonino de Jair Bolsonaro foi seu assessor Filipe G. Martins, o porta-voz de Olavo de Carvalho no Palácio do Planalto. Assim como a Crusoé, também ele vai tornar-se alvo do inquérito das Fake News de Dias Toffoli — e, nesse ponto, prometo socorrê-lo, como o conservador patriota da savana.
Filipe G. Martins é uma espécie de Dorothy do bolsonarismo. Ele promete acompanhar o leão acovardado até o Mágico de Oz olavista, a fim de que este lhe restitua um mínimo de bravura (e um mínimo de cérebro aos blogueiros de lata). Como se sabe, porém, o Mágico de Oz é só um homenzinho com um megafone, e o leão acovardado já se acertou com as hienas.
De volta ao mundo real, Paulo Guedes e Sergio Moro cumprem suas promessas, salvando a economia e derrubando a criminalidade. É de se esperar que, cedo ou tarde, essa realidade acabe se impondo às fantasias de Oz.
Crusoé