(BRASÍLIA) – A Paraíba tem sabidas limitações de arrecadação, históricas até. Diferente de estados com economias próprias mais pujantes, o incremento de recursos federais não é opcional. A relação institucional e captação dessas verbas também não.
Há um ano, o governador João Azevêdo segue na prática essa compreensão. Desde quando eleito, nos estertores de 2018 o socialista buscou contato direto, sem intermediários, com a bancada federal, sobre quem repousa o direito de destinar, alocar e empenhar aproximadamente R$ 250 milhões via emendas.
Este ano, foram inúmeras agendas individuais com parlamentares e pelo menos dois encontros oficiais com a bancada reunida. Olho no olho, frente e a frente, mão a mão, Azevêdo apresenta prioridades do Estado e faz o apelo a cada um e em grupo.
Incorpora-se aí dois ganhos: o administrativo, com recursos na ponta para serem aplicados em obras e custeio; o político, com abertura de canal de diálogo com todos os deputados e senadores paraibanos, a maioria presidentes de partidos de variadas matizes, canal até então com conhecidas obstruções.
Uma interação que permite passear entre gabinetes de aliados, como Hugo Motta e Damião Feliciano, e bater à porta de antagonistas, como Julian Lemos e Ruy Carneiro, para citar apenas dois.
Aqui em Brasília, parlamentares deram esses depoimentos e até adversários admitiram a mudança e o resultado positivo prático dessa postura. Um resultado que se mede em cifras. Entre 2019 e 2020, a pesca por emendas renderá, na projeção do coordenador da bancada federal, Efraim Filho, algo em torno de R$ 100 milhões a mais para os cofres do erário paraibano.
O intercâmbio direto, sem intermediários, é insubstituível. É, antes de tudo, atitude de cumprir o dever do Estado e reconhecer do papel do outro (a bancada), uma ferramenta importante desse processo. Em vez de tratá-la como inimiga, a opção de vê-la como aliada. Pelo gesto, os parlamentares por sua vez, em reciprocidade automática cumprem com mais gosto a sua parte.
É bom lembrar. Com governador querendo ou não, a bancada federal tem todos os anos a sua sagrada prerrogativa de empenhar seus estimados R$ 300 milhões ao Orçamento, para onde quiser, e se quiser, que chova ou faça sol. Portanto, é o governo quem precisa mais dela do que o contrário.
Ao estender a mão e aprofundar essa conexão, de forma prática, natural e sem forçação de barra, João imprime, notadamente, um novo estilo pessoal e político, o seu, nessas relações institucionais. Uma concepção que separa partido e ideologia, de Estado e de gestão. Coisas que até se comunicam, mas que devem cada uma estar no seu seu devido lugar. Sob pena de o Estado ficar menor do que seus interesses maiores.