Quem diria, veio de um bolsonarista convicto, um dos primeiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na Paraíba, uma declaração quase filosófica sobre o que tem se tornado o bolsonarismo: uma seita, uma religião bem parecida como alguns petistas encaram o lulismo.
Acossado na crise do PSL pelo filho do presidente, dessa vez Eduardo Bolsonaro (antes foi Carlos), Julian botou abaixo o que pensa da postura quase de crença que se cobra dos seguidores e aliados de Jair, como o deputado paraibano costuma tratá-lo.
“Não tenho rei, nem sou súdito, só tenho minha amizade e consideração a oferecer, não serve? Tem o país, tem minha família, amigos, eleitores e minha consciência e quem de fato ama esse país e não a ídolos”, postou Lemos.
Ídolos. O apoio a Bolsonaro se tornou, para muitos, uma obsessão de idolatria. Estranho que até cristãos, que sabem bem o que é isso, tenham sido seduzidos a cair nesse pecado por um homem, terreno, com seus acertos e defeitos como qualquer um entre os da espécie humana.
Para os mais ortodoxos, Bolsonaro nunca erra, tem o dom divino da infalibilidade. O olhar, a paixão e a torcida viraram uma “fé”, isso mesmo, “fé”. Fé no “deus” Bolsonaro, encarnado na terra para redimir o Brasil de todos os males. Não importa até quando ele próprio, com e minúsculo, comete os seus.
Julian, que seguiu caninamente Bolsonaro, continua: “Irei constituir minha história sobre meu nome e pelo escrever nas páginas da minha história, nunca fui e nunca serei traidor, servi a um homem que se tornou Presidente, mas não serei usado ou humilhado por “reizinhos” que nada sabem sobre a vida, não me relaciono com moleques, também não me intimido com covardes”.
E, por fim: “Serei leal ao meu Deus, ao meus país, ao meu povo da Paraíba que me honrou e me fez pelo seu voto Deputado Federal e sempre ao Jair Bolsonaro, mas como falei tudo tem limite”.
Essa crise intestina do PSL é uma oportunidade para dentro e para fora do partido. É preciso diferenciar apoio de subordinação ampla e irrestrita. E um presidente de Deus, com d maiúsculo. Sobretudo, entre os cristãos que sabem que só há um único a ser adorado e reverenciado.