Ortodoxia: bolsonarismo se tornou 'fé' e Bolsonaro deus – Heron Cid
Bastidores

Ortodoxia: bolsonarismo se tornou ‘fé’ e Bolsonaro deus

20 de outubro de 2019 às 13h48 Por Heron Cid
Bolsonarismo virou religião e caiu no erro de colocar "Bolsonaro acima de todos"

Quem diria, veio de um bolsonarista convicto, um dos primeiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na Paraíba, uma declaração quase filosófica sobre o que tem se tornado o bolsonarismo: uma seita, uma religião bem parecida como alguns petistas encaram o lulismo.

Acossado na crise do PSL pelo filho do presidente, dessa vez Eduardo Bolsonaro (antes foi Carlos), Julian botou abaixo o que pensa da postura quase de crença que se cobra dos seguidores e aliados de Jair, como o deputado paraibano costuma tratá-lo.

“Não tenho rei, nem sou súdito, só tenho minha amizade e consideração a oferecer, não serve? Tem o país, tem minha família, amigos, eleitores e minha consciência e quem de fato ama esse país e não a ídolos”, postou Lemos.

Ídolos. O apoio a Bolsonaro se tornou, para muitos, uma obsessão de idolatria. Estranho que até cristãos, que sabem bem o que é isso, tenham sido seduzidos a cair nesse pecado por um homem, terreno, com seus acertos e defeitos como qualquer um entre os da espécie humana.

Para os mais ortodoxos, Bolsonaro nunca erra, tem o dom divino da infalibilidade. O olhar, a paixão e a torcida viraram uma “fé”, isso mesmo, “fé”. Fé no “deus” Bolsonaro, encarnado na terra para redimir o Brasil de todos os males. Não importa até quando ele próprio, com e minúsculo, comete os seus.

Julian, que seguiu caninamente Bolsonaro, continua: “Irei constituir minha história sobre meu nome e pelo escrever nas páginas da minha história, nunca fui e nunca serei traidor, servi a um homem que se tornou Presidente, mas não serei usado ou humilhado por “reizinhos” que nada sabem sobre a vida, não me relaciono com moleques, também não me intimido com covardes”.

E, por fim: “Serei leal ao meu Deus, ao meus país, ao meu povo da Paraíba que me honrou e me fez pelo seu voto Deputado Federal e sempre ao Jair Bolsonaro, mas como falei tudo tem limite”.

Essa crise intestina do PSL é uma oportunidade para dentro e para fora do partido. É preciso diferenciar apoio de subordinação ampla e irrestrita. E um presidente de Deus, com d maiúsculo. Sobretudo, entre os cristãos que sabem que só há um único a ser adorado e reverenciado.

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