A Paraíba é o terceiro estado mais desigual do país em relação à concentração de renda. A manchete do Portal MaisPB, desta semana, é reveladora. Apesar dos reconhecidos avanços dos últimos anos, ainda somos um estado com disparidade de oportunidades gritante.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua – Rendimento de todas as fontes 2018, divulgada pelo IBGE. O rendimento médio mensal na Paraíba em 2018 registrou uma queda de 3,8% em relação a 2017 e foi de R$ 1.475, patamar bem abaixo da média brasileira, de R$ 2.166.
No cômputo da desigualdade, a Paraíba (0,546) ficou à frente apenas de Sergipe (0,548) e do Piauí (0,547). O estado teve ainda um valor maior do que a média nacional, de 0,509.
Não é coisa nova. O quadro vem sendo alertado há décadas pelos economistas e estudiosos do setor. A principal causa dessa doença? A riqueza da Paraíba depende essencialmente da esfera pública.
Num estado de servidores públicos, prefeituras, Estado e Governo Federal são a grande indústria e fonte geradora de renda.
Para se ter uma ideia, proporcionalmente, fomos o quarto estado do país com mais domicílios que receberam dinheiro do Bolsa Família em 2018. Em números redondos, 30% dos paraibanos são assistidos pelo Bolsa Família. Um exército de pessoas que só comem, bebem e vestem graças ao benefício social.
O cenário diagnostica a razão de a política partidária por aqui ser o nosso ‘futebol’, o esporte preferido e assunto principal das rodas de conversa. Se no Recife, a rivalidade é Náutico versus Sport, a nossa costuma ser Ricardo X Cássio, Veneziano X Romero, e outras disputas que vão variando a cada novo ‘campeonato’.
E não é por paixão e opção. É a necessidade de subsistência que bota essas torcidas na arquibancada política. Porque entre nós, mais do que praticamente em todos os estados, o resultado eleitoral, o saldo das urnas, o veredito sobre quem ganha e quem perde, afeta diretamente as condições de vida.
A pesquisa é um motivo a mais para concentrar esforços das instituições e da nossa representatividade na mudança dessa penosa e renovada constatação. Projetos estruturantes de desenvolvimento e fomento a arranjos produtivos locais, sobretudo no que já chamamos aqui de “Interior do Interior”, são saídas para ontem. Uma força-tarefa que tire a presença da Paraíba nesse pódio de desigualdade deve ser nosso igual propósito.