O modelo de gestão pactuada chegou à Paraíba como promessa de resolutividade e fim das travas que aqui e acolá emperravam o funcionamento e a qualidade, por exemplo, do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa.
À época, o autor do Blog, no rádio, na TV e no jornal, foi um dos que, como muita gente, comprou esse discurso vendido pelo Estado como promessa de melhoria do desempenho e dos resultados à população.
Oito anos depois, as investigações do Ministério Público apontam para outra realidade. Uma realidade bem diferente do prometido e do entregue. Entrar em detalhes é pura redundância. Os fatos e as graves suspeitas, com direito já a confissões, estão aí para mostrar.
Do discurso à prática a coisa se revelou bem diferente. Mergulhados nas suspeitas de desvios de recursos públicos, os três maiores hospitais geridos por organizações sociais na Paraíba estão sob intervenção decretada pelo governador João Azevêdo para afastar irregularidades e suspeitos e para preservar a regularidade do atendimento à população.
Se, como decantado outrora em doses de muito marketing, esse sistema aumentou o número de atendimentos e procedimentos, a custo financeiro bem elevado, o custo total para o erário é muito maior do que o oficial e registrado nos balancetes. Os prejuízos são vultosos.
As organizações sociais que administram o Estado se revelaram, até aqui, inaptas em matéria de seriedade e de credibilidade no trato do dinheiro público. As que não foram pegas em malfeitos legaram passivos e dor de cabeça, como foi o caso da Gerir, que quebrou e deixou quatro hospitais do Interior à deriva.
Esse é um fato indiscutível e nem o mais entusiasmado defensor do Governo e das OS’s, em bom juízo, tem capacidade, argumento e coragem para fazer a defesa do indefensável, a esta altura.
Um adendo inverso: nenhum hospital administrado diretamente pelo Estado é alvo de escândalo ou está sob investigação. O maior de todos, o Trauma de Campina Grande, funciona bem, com menos recursos e nenhum questionamento de ordem ética. Nenhum.
O modelo adoeceu e virou paciente de UTI. O Governo que decretou a intervenção já precisa pensar na saída honrosa para salvar esse doente. A gestão pactuada, com OS’s forasteiras e inidôneas, foi deformada na essência e se provou totalmente prejudicial ao Estado. Se alguém ganhou com ela, certamente não foi a Paraíba.