Daniella Ribeiro (PP), senadora paraibana, experimenta o que todo o político teme ser: alvo. Não é de hoje, vem de algum tempo, apesar da precocidade do mandato. A bateria começou por cima e pelo privilegiado espaço de Lauro Jardim, em O Globo.
Em efeito cascata, a coisa chegou à Paraíba, o terreno da ex-deputada. Mais uma vez os gastos do seu gabinete são o combustível para o fogo dos questionamentos éticos. A imprensa, como esperado, dá destaque e a ressaca chega às redes sociais.
A rigor, a parlamentar não cometeu ilegalidade. Ressarcimento de gastos é previsto no funcionamento da engrenagem do Legislativo. O tipo da despesa é que entra no filtro do aceitável ou do reprovável. O razoável é o pagamento de algum consumo ligado diretamente ao exercício do mandato.
O que se levantou até agora é irrisório do ponto de vista do numerário em si, mas liga a luz de alerta da senadora e dos seus assessores. A boa notícia para ela: não está só nessa. Os antagônicos Julian Lemos (PSL) e Frei Anastácio (PT) também caíram. O primeiro pediu ressarcimento de uma coca-cola e o segundo de um cafezinho.
Não é o valor monetário. É o valor simbólico.
Daniella chegou ao Senado da República em momento emblemático da vida pública do país. O Brasil é outro e o nível de cobrança e de monitoramento público também. Isso, ela e o seu corpo de auxiliares não podem perder de vista.
A ‘crise’ pode servir de aprendizado para alguém com potencial, feito Daniella. O primeiro deles é não transferir responsabilidades. Tudo que acontece no gabinete público é no final da conta do seu titular, de quem o eleitor e a opinião pública cobram satisfações em última instância.
Entre outros atributos e fatores conjunturais e de campanha, foi a boa imagem que a tornou candidata competitiva. Dela, a senadora jamais pode descuidar. Imagem é feita por um conjunto de detalhes. Como em comunicação tudo fala, até um insignificante refrigerante, comprado numa sorveteria, é capaz de esfriar uma.
Atualização: a assessoria da senadora informa que os três refrigerantes foram comprados para uma pequena comemoração de funcionários do gabinete. Daniella já avisou que devolverá o recurso aos cofres do Senado.