Responda rápido: se a revelação de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, de que planejou a morte e por pouco não executou a tiros o ministro Gilmar Mendes, tivesse partido de um cidadão desprovido de títulos e prerrogativas, o que aconteceria de imediato a ele? As consequências só Deus sabe. Mas pensemos na confissão em si. Ela dá a dimensão do tempo que vivemos no Brasil. O guardião da Constituição, num momento de explosão pessoal, se arma para resolver suas diferenças à bala. E esse alguém, um ministro do Supremo Tribunal Federal. Se o gesto extremo já seria abominável a partir de qualquer princípio civilizatório, a decisão de revelá-lo em público mostra o ponto a que chegamos nesse ativismo desenfreado de setores inconsequentes do Judiciário. Quando isso parte de um homem da Lei, a sociedade é obrigada a parar e refletir: onde chegamos? E a preocupação maior; onde vamos parar? O ativismo chegou ao nível extremo. Literalmente.