Junho de 2011. Delegados da Polícia Civil interceptam e apreendem um carro e seu motorista. Nele, encontram R$ 81 mil em envelopes marcados por iniciais.
O inquérito levanta a suspeita de que o montante, proveniente de um escritório de advocacia de Natal, seria para pagamento de propinas a ex-secretários da Prefeitura de João Pessoa na gestão de Ricardo Coutinho, quase todos aproveitados posteriormente no Governo do Estado.
Um despacho do então delegado-geral Raimundo Silvany encaminhou a documentação para o Palácio da Redenção decidir politicamente sobre o caso.
A investigação, como se sabe, foi misteriosamente sacrificada. O mais grave: celular e outras provas materiais teriam sido raptados de dentro da (quem diria?!) Secretária de Segurança Pública.
Se a ação policial era política dos delegados, como sugeria o despacho, o que justifica o fato de praticamente todos os que participaram da operação terem sido promovidos?
O caso veio à tona na campanha de 2014, de forma anônima. Nunca se soube se esse material chegou ao Ministério Público, por dever de ofício, como manda o script.
Até um inquérito interno no MP foi aberto para identificar o paradeiro e desvendar o mistério. Nunca, ao longo desse tempo, se teve uma resposta concreta.
Oito anos depois, já com nova conjuntura política, o enigma começa ser decifrado. Parte da delação premiada da ex-secretária Livânia Farias se dedicou a tratar do caso daquele junho de 2011.
Ela, segundo o MP, diz que a suspeita da apreensão era verdadeira e os policiais estavam certos. O dinheiro seria para pagamento de comissões a agentes públicos, ela entre eles.
Mas o labirinto ainda não está totalmente elucidado. Perguntas continuam no ar e ainda carecem de respostas.
Quem prevaricou?
Esse inquérito algum dia chegou mesmo ao MP? Se chegou, para onde foi e por que morreu de asfixia?
Se não chegou, quem foi o responsável pela sua interceptação e morte? Com ordem de quem?
Cenas do próximo capítulo!