(São Paulo) – Escândalo político no Brasil é matéria vencida, produto cujo prazo de validade tem o tempo da velocidade do nosso fluído e incansável noticiário.
Em volume nunca antes visto, um a um vai ficando perecível em dias, outros em horas.
O da vez envolve o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, alvo de relatório da Polícia Federal que concluiu pela participação do deputado em uma nova modalidade de suspeita de corrupção.
O caixa-três é a variação do caixa-dois. Quanta criatividade.
Nele, uma empresa promete uma ‘doação’ – palavra bonita para investimento e retorno posterior, quando não propina mesmo – e quem paga é outra.
Antes de Maia, o ex-presidente do mesmo poder, Eduardo Cunha, foi parar na cadeia.
Temos uma ex-presidente (Lula) preso e outro (Temer) em vias de ser, já tendo experimentado alguns dias sob cárcere.
Parte considerável dos nossos congressistas responde a denúncias de desvios e corrupção.
Ministros caem e até homens do Supremo e de outras cortes andam sob suspeita.
O crime político no Brasil entrou em franca banalização. Já não constrange mais a política e nem o poder.
A capacidade de indignação do brasileiro, porém, não pode hibernar.
Para isso, o cidadão não pode ter paciência. E nem precisa contar até três…