O caso relatado pela vereadora Helena Holanda (PP), de João Pessoa, é gravíssimo. “Senhoras” do bairro do Cabo Branco querem desativar o projeto Acesso Cidadão daquelas imediações. Acham que não pega bem para o espaço privilegiado da natureza a presença de voluntários, vans e deficientes físicos.
O Acesso Cidadão é resultado do voluntariado para doação ao próximo. Gente que investe seu tempo e até dinheiro para permitir que pessoas com mobilidade reduzida sintam pela primeira vez o frescor das águas marítimas de João Pessoa ou que outros voltem, depois de anos, a tocar os pés nas areias brancas daquela praia.
A tresloucada atitude, difícil até de acreditar, é o retrato do preconceito, um crime similar ao racismo. Com o gesto, houve uma tentativa de separação de quem pode ou não pode frequentar a praia do Cabo Branco, de quem é ou não bem vindo. Como se o patrimônio natural, e público, pertencesse a um dono. Ou a algumas “donas”.
A reação contra esse tipo mesquinho precisa ser à altura do fato. Uma defesa intransigente do projeto, dos seus beneficiários, mas, antes de tudo, da cidadania, da humanidade e do espírito coletivo, ameaçado por quem acha que o mundo e a vida acontecem no seu próprio umbigo.
Quem defende os direitos humanos terá amanhã, às 9h, um grande motivo para sair de casa e ir até ao local onde o projeto acontece e gritar alto contra esse preconceito desumano e vil. O tamanho desse movimento vai dizer quem se preocupa realmente com a temática e o tamanho da defesa das minorias. De todas elas.
Dessa vez, são os deficientes que esperam por solidariedade em massa, de cartazes, de apitos e palavras de ordem. E para fazer isso amanhã não precisa ser ativista. Basta ser humano.