Conheço Alexandre Frota desde garoto, quando ele integrava o grupo de teatro do diretor Carlos Wilson, o “Damião”, junto com Felipe Camargo, Roberto Bataglin, Maurício Mattar e outros jovens bonitões da Zona Sul, e as novinhas Malu Mader, Andréa Beltrão e Drica Moraes, que fizeram espetacular sucesso com as montagens de “Os doze trabalhos de Hércules” e “Capitães de areia” e percorreram o Brasil com adolescentes lotando os teatros. Claro, Alexandre era o Hércules.
Assisti a vários espetáculos do grupo com minhas filhas; eram ótimos, divertidos, criativos, com uma linguagem teatral jovem e inovadora, interrompida pela morte de Damião aos 42 anos.
O estilo de Alexandre não era Stanislawski nem Actors Studio, ele fazia uma espécie de “teatro de ação”, físico e atlético, que empolgava as jovens plateias, num tempo em que ele era apenas um rapaz forte, ainda longe da montanha de músculos que é hoje. E era muito educado e afetuoso.
Do casamento imperial com Claudia Raia na Candelária a pequenos papéis em novelas, Alexandre acabou se tornando um sex-symbol, tanto para o mundo gay, com os seus nudes para a revista “G”, como para héteros com os filmes de sexo explícito com Rita Cadillac, e virou um galã pornô. Quem vai condená-lo? Quem vai dizer que isso o faz mais ou menos capacitado a ser deputado federal? Quem, na Câmara, em nome da família ou da guerra cultural, vai acusá-lo de imoral e subversivo? É preciso coragem, também física, para afrontar aquele armário rsrs.
Afinal, pornográfica é a política brasileira, e ele não é acusado de roubar, de ser homofóbico, de apoiar milicianos, nem de ser amigo do Queiroz.
Contra todas as expectativas, ele se revelou um deputado aplicado e presente, com bom trânsito entre os partidos, que trabalhou ativamente pela reforma da Previdência e apoiou os melhores projetos na Câmara, lutando contra os retrocessos e atrasos.
Agora, ele ficou mais forte: rompeu com Bolsonaro e o denunciou por tudo que já se sabia dele. Hércules deu uma surra no Mito.
O Globo