Eike ainda é o mesmo, os deputados também (por Bernardo Mello Franco) – Heron Cid
Bastidores

Eike ainda é o mesmo, os deputados também (por Bernardo Mello Franco)

9 de agosto de 2019 às 09h00 Por Heron Cid
O empresário Eike Batista na CPI do BNDES | Jorge William/06.08.2019

Na terça-feira, Eike Batista reapareceu no Congresso. Sua voz continua a mesma, e o estilo também. Convocado a depor na CPI do BNDES, ele se descreveu como um visionário, exaltou os próprios negócios e fez juras de amor à pátria. “Eu, para mim, sou construtor do Brasil”, disse, logo no início da sessão.

Apesar da derrocada financeira, o ex-bilionário mantém a autoestima em dia. “Eu já era globalizado antes da globalização”, gabou-se. “Orgulho-me também de ter sido uma pessoa que sempre tomou conta do meio ambiente”, prosseguiu.

Eike disse que não iludiu ninguém ao fazer previsões mirabolantes que nunca se confirmaram. Uma de suas empresas, a OGX, chegou a valer US$ 30 bilhões sem extrair uma gota de petróleo. “A gente acreditava porque os geólogos diziam que tudo era fantástico”, enrolou.

Ele também negou as acusações de corrupção. Disse ter financiado políticos de diversos partidos por “acreditar na democracia”. Depois pediu licença para exibir um depoimento “do nosso Sérgio Cabral”. O ex-governador nega ter pedido propina do empresário, embora os dois tenham sido condenados no mesmo processo.

Diante de uma plateia dócil, Eike se disse perseguido pelos governos, pelas empreiteiras e pela imprensa. “Caramba, todo mundo é contra mim!”, vitimizou-se.

Pelas reações no plenário, o discurso colou. “O senhor é um cara muito capaz, muito inteligente. Não é à toa que chegou aonde chegou”, elogiou o deputado Wladimir Garotinho (PSD-RJ). “Sempre tivemos uma admiração muito grande. Aliás, quase todo o Brasil tinha”, emendou Flávio Nogueira (PDT-PI), antes de comparar o ex-bilionário ao Barão de Mauá.

Paula Belmonte (Cidadania-DF) disse que Eike estava disposto a “contribuir com esse Brasil que todos nós acreditamos”. Em seguida, pediu uma doação de R$ 12 milhões. “Estou precisando construir pelo menos umas seis creches”, justificou, sem corar.

“Assim que minha situação na Justiça for resolvida e meus recursos forem liberados”, prometeu o filantropo. A deputada vai ter que esperar. Eike voltou a ser preso ontem, acusado de manipular o mercado de ações.

O Globo

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