O voto presidencial tem sido influenciado pela política social. Sob FHC ela nacionalizou-se. Até então sua dinâmica era subnacional: atores locais e estaduais eram responsabilizados por programas de cunho redistributivo (exceção à política de salário mínimo e às frentes federais de emprego).
Com isso o eleitorado pobre vota nas eleições presidenciais em quem se mostrar mais eficiente em programas redistributivos federais. Em Imperatriz (MA) ou Guarulhos (SP), o eleitorado vota racionalmente: premia quem redistribui mais ou melhor. Pesquisas empíricas mostram que, controlando pela renda, há pouca variação regional do voto presidencial.
O que muda regionalmente é a centralidade do governo estadual na política. Nos estados pobres, o governador controla a máquina que alimenta as redes políticas locais. Para o eleitor pobre, a estratégia dominante é votar nos candidatos dessas redes por sua capacidade de atrair investimentos e por receio de ser excluído dos benefícios gerados por elas.
O eleitorado premiou o PT por programas redistributivos. Mas medidas de Temer e Bolsonaro —aumentos reais e 13º para o Bolsa Família— mostram que redistribuir renda tornou-se imperativo político. É o efeito previsível do conhecido teorema do eleitor mediano.
Nem tudo é renda: há outras dimensões na política —regionalismo e pauta de costumes— que, no Nordeste, têm traços conservadores.
Os governadores da oposição beneficiam-se do efeito incumbente, mas chegaram ao poder através de alianças (derrotadas), nas eleições presidenciais, que são, portanto, instáveis.
O mapa do voto reflete incentivos múltiplos e não se reduz a identidades partidárias ou ideológicas. O eleitor é o árbitro de trade offs entre ganhos “federais” e “locais”.
Folha