Tudo a ver com o modo como Moro conduziu os desdobramentos da prisão dos hackers da República de Araraquara. Ele não poderia ter anunciado que o celular de Bolsonaro havia sido invadido, bem como pelo menos mais mil celulares, parte deles do primeiro escalão da República. Foi mal, segundo Bolsonaro.
Outra coisa: Moro errou quando se dispôs a avisar diretamente a certas pessoas que elas tinham sido alvo dos hackers. Foi como se quisesse dizer: olha, agora conheço seus segredos, mas não se preocupe, saberei preservá-los. A Polícia Federal ficou furiosa com o comportamento do ministro, mas não só ela.
Há severos protocolos dentro da Federal que foram sempre respeitados. Por exemplo: o diretor-geral só fica sabendo de uma operação em cima da hora para reduzir as chances de vazamento de informações. Ele só avisa ao ministro quando a operação já está em curso. Cabe ao ministro se quiser avisar ao presidente.
Como Moro teve acesso a informações de um inquérito que continua sob segredo de justiça? Quem foi o culpado? A Polícia Federal quer saber e está apurando. O ministro acabou expondo o presidente a críticas desnecessárias. E ele não gostou nem um pouco disso.