Contemporâneo de 'Santa Cruz", paraibano diz que Bolsonaro vomita ódio – Heron Cid
Bastidores

Contemporâneo de ‘Santa Cruz”, paraibano diz que Bolsonaro vomita ódio

1 de agosto de 2019 às 16h03 Por Heron Cid

Contemporâneo do pai de Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, o escritor, ativista dos direitos humanos e ex-deputado paraibano na Constituinte, Agassiz de Almeida (foto), lançou hoje uma carta de repúdio ao presidente Jair Bolsonaro, que colocou em dúvidas as motivações do desaparecimento de Fernando Santa Cruz. No texto, Agassiz, na esteira da Comissão da Verdade, afirma que Santa Cruz foi morto pelo regime militar no Brasil e acusou Bolsonaro  – a quem chama de falastrão – de vomitar ódio. Confira a carta:

No momento em que o inconsequente e cúmplice da tortura investido de mandatário da nação vomita baba do ódio na memória de Fernando Santa Cruz, assassinado por sicários nos porões da ditadura militar e o seu corpo lançado no desconhecido; um jovem que jamais torceu o caminho que traçou
para si nem cedeu a tentações indignas, patenteio a você, Felipe, a minha solidariedade carregada de indignação.

Da vida arrancaram os algozes da tirania militar, não apenas um jovem idealista, mas imensos sonhos de nossa geração que não temia enfrentar uma ditadura sanguinária, cujos crimes de lesa-humanidade ensanguentam a história do país.

Enquanto isto, o falastrão do Planalto, perdido nas futilidades de cadeiras de bebê e normas de trânsito, desconhece a visão daqueles que marcaram a vida com grandeza. Em alguns momentos, vem-me à mente um sociopata trombeteando entre um hospício e uma escola infantil.

Ao lado de Fernando Santa Cruz, comunguei os mesmos sonhos e abracei os mesmos ideais por um grande Brasil, ao nível de uma China, EUA e Rússia. Uma elite cruel e egoísta sepultou esta esperança.
Os destinos dos povos florescem nas mãos da juventude que sabe olhar acima do seu tempo.

Boquirroto presidente! Basta de acirrar o ódio entre os brasileiros, e saiba que jovens do quilate de
Fernando Santa Cruz, tombaram por grandes causas, estão no panteão da posteridade, e os seus assassinos rolam como réprobos nas sarjetas dos tempos.

O menino dos folguedos nas ruas de Recife, filho da valente dona Elzita, deixou uma lição de vida
na mesma dimensão de um Peregrino de Carvalho, na Revolução de 1817, a resistir à fúria do
absolutismo das tropas de Dom João VI.

A juventude carrega consigo a inquietude e a rebeldia. Só os Sancho Pança da ditadura militar e
do desastrado governo atual desconhecem esta grandeza humana.

Ressalte-se: Sempre existiu uma consciência moral da humanidade em enaltecer os que no curso
dos tempos abriram caminho para as transformações sociais e políticas da sociedade humana.
Frente à versão cretina do bufão palaciano, o nome de Fernando Santa Cruz cresce no julgamento
da história. A turba de domesticados aos norte-americanos que nos governa jamais poderá mudar o curso da história.

Saudações democráticas,
Agassiz Almeida.

Comentários