Eu não disse que a festa de Glenn Greenwald estava chegando ao fim? Pois é, chegou. Quatro dias depois do meu prognóstico. É para isso que existe a Crusoé.
Nesta semana, não tenho nenhuma novidade. Aliás, meu conselho é o seguinte: ignore minha coluna e leia o que realmente interessa. Em primeiro lugar, a entrevista de Sergio Moro. Em segundo lugar, a reportagem sobre o roubo das mensagens da Lava Jato.
Na quarta-feira, depois da captura da quadrilha de Araraquara, eu disse a Rodrigo Rangel que este seria o número mais importante da Crusoé. Ele respondeu citando outras reportagens importantes que publicamos no passado, em geral sobre algum ministro do STF. Ele tem razão. O que diferencia este número dos demais, porém, não é seu conteúdo, e sim o momento em que a revista está sendo publicada.
Os vazamentos verdevaldianos implodiram a imprensa. Para tirar da cadeia Lula e seus comparsas, uma turminha mais desavergonhada entregou-se a estelionatários, que saquearam telefones celulares de centenas (milhares?) de pessoas. Não se trata apenas da Lava Jato, portanto: as mensagens hackeadas podem ter alimentado uma rede de golpistas e chantagistas.
A PF ainda está investigando quem intermediou os contatos entre estelionatários e jornalistas. E quem financiou a falcatrua. Não é improvável que algum aloprado da imprensa seja preso. Eu vou comemorar, claro, porque os criminosos devem ser expurgados da profissão. Ao mesmo tempo, a imagem do jornalismo mancomunado com a bandidagem contamina e emporcalha todos nós.
Já fiz prognósticos estapafúrdios sobre os assuntos mais disparatados. Mas não sei prognosticar o futuro da imprensa. Se é que ela terá um futuro.
Crusoé