De bandeja (por Dora Kramer) – Heron Cid
Bastidores

De bandeja (por Dora Kramer)

24 de julho de 2019 às 13h00 Por Heron Cid

Maior sinal de que Jair Bolsonaro pisou feio no tomateiro ao se engraçar com governadores nordestinos foi a pressa dele em tentar recuperar o prejuízo na inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista (BA). Quando acha que está certo, que suas gafes são bem vistas pelo público como manifestações de um “homem comum”, o presidente não recua. Por outra, costuma dobrar a aposta e elevar o tom.

Desta vez correu para proclamar amor e tentar produzir identificação com os “paraíbas”, a maneira jocosa e notadamente preconceituosa de os cariocas se referirem aos imigrantes do Nordeste, assim como fazem os paulistas falando de “baianos”.

O malefício não se dissipa com declarações. O atrito pode ter repercussão na votação do segundo turno da reforma da Previdência na Câmara ao fim do recesso, quando os deputados voltam das “bases”. O presidente criou um inútil elemento de discórdia para a campanha municipal que se avizinha e ainda deu discurso à oposição tão carente dessa matéria prima.

Isso numa região em que Bolsonaro perdeu a eleição e onde conta com a pior avaliação de governo. Apenas 25% dos nordestinos aprovam sua administração.

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