Maior sinal de que Jair Bolsonaro pisou feio no tomateiro ao se engraçar com governadores nordestinos foi a pressa dele em tentar recuperar o prejuízo na inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista (BA). Quando acha que está certo, que suas gafes são bem vistas pelo público como manifestações de um “homem comum”, o presidente não recua. Por outra, costuma dobrar a aposta e elevar o tom.
Desta vez correu para proclamar amor e tentar produzir identificação com os “paraíbas”, a maneira jocosa e notadamente preconceituosa de os cariocas se referirem aos imigrantes do Nordeste, assim como fazem os paulistas falando de “baianos”.
O malefício não se dissipa com declarações. O atrito pode ter repercussão na votação do segundo turno da reforma da Previdência na Câmara ao fim do recesso, quando os deputados voltam das “bases”. O presidente criou um inútil elemento de discórdia para a campanha municipal que se avizinha e ainda deu discurso à oposição tão carente dessa matéria prima.
Isso numa região em que Bolsonaro perdeu a eleição e onde conta com a pior avaliação de governo. Apenas 25% dos nordestinos aprovam sua administração.
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