Helton Renê, único vereador do PCdoB em João Pessoa, está para se desligar do partido. Fácil desligar do que se nunca foi, de fato, parte.
A iminente saída de Helton não é o que importa, mas o que ela representa para além de uma ficha rasgada.
A despeito de sua linha programática bem definida e de sua ortodoxia, o PCdoB paraibano se rendeu à lógica dos partidos tidos e havidos como fisiologistas.
Tal qual os “outros”, a legenda, que derivou do racha do PCB do lendário Luís Carlos Prestes, flexibilizou por aqui demais nas suas ideologias e critérios de filiação.
E não é coisa da atual direção, comandada pela advogada Gregória Benário. Já vem de antes.
Sem perspectiva real de eleger um quadro identificado com sua história e “ideal” (o último foi o deputado Simão Almeida), o PCdoB aderiu à política do atalho como método de ter um parlamentar pra chamar de seu.
Em 2016, para ter um vereador em João Pessoa, abrigou o destacado Helton Renê (ex-PP).
Lá atrás, a sigla filiou Zé Paulo de Santa Rita, que entende mais de física quântica do que das bases do socialismo. Ingresso motivado por matemática pura e simples em que candidatos escolhem a melhor coligação para se eleger.
Na sua crise de identidade, o partido praticamente institucionalizou essa tática contraditória à sua teoria. Ao ponto de para voltar a ter um deputado na Assembleia, depois da debandada do ‘comunista’ Zé Paulo, puxou o ex-tucano Inácio Falcão para suas fileiras.
Um pragmatismo capaz de corar um MDB da vida. Uma relação reciprocamente utilitária que explica a permanência relâmpago de todos esses estranhos filiados e o fato de nenhum deles conseguir sequer fazer a travessia de uma eleição para outra na legenda.
E – pela prática – nem o próprio partido pode cobrar coerência do ‘camarada’. Aluguel comporta distrato a qualquer tempo e hora.