Foi bem na metade do ano inicial de seu primeiro mandato que Dilma Rousseff estreou publicamente no terreno da reeleição.
Ela estava em Rondônia quando um repórter quis saber se um dia sairia a ferrovia entre Porto Velho e Vilhena. Dilma desconversava, ele insistiu: “Segundo mandato?”
A presidente respondeu que seu governo já estava fazendo um trecho anterior, entre Uruaçu (GO) e Lucas do Rio Verde (MT), e pendurou a esperança da outra obra na reeleição: “Se tiver segundo mandato…”
Jair Bolsonaro fez o mesmo em momento idêntico, na metade do primeiro ano de seu mandato inicial, com uma diferença: nem precisou ser instado. Aliás, falou e repetiu. “Pegamos um país quebrado… conseguiremos entregá-lo muito melhor para quem nos suceder em 2026”, afirmou no sábado.
Horas depois, esparramou-se no gramado do Maracanã ao lado do troféu da seleção. Uma atitude totalmente absurda, decerto, mas que faz muito sentido para ele —o estado de permanente campanha é de seu interesse direto.
Enquanto isso, a esquerda vai caindo nas cascas de banana que o presidente solta aqui e acolá. Perde-se debatendo bobagens como o suposto não cumprimento do zagueiro Marquinhos na premiação, apenas para ser desmentida a seguir. Gasta imensa energia em (mais) uma frase despropositada e inconsequente do ocupante da Presidência, dessa vez sobre trabalho infantil.
Pior de tudo, esquece-se da vida real. Sai da reforma da Previdência menor do que entrou, incapaz de apresentar qualquer coisa.
É com um governo desses e uma oposição dessas que começamos desde já a campanha de 2022. A ver se sobrará país para o vencedor.
PS: A ferrovia em Rondônia que Dilma indicou como possível ao lançar-se no segundo mandato até hoje não existe. O trecho que ela afirmou que já estava fazendo, ainda no início do primeiro mandato, esse também ainda não existe.
Folha